Mostrando postagens com marcador Mata Atlantica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mata Atlantica. Mostrar todas as postagens


Literalmente, essa é a planta da vez! A begônia-maculata, esquecida por muitas décadas, foi redescoberta pelos amantes de plantas ornamentais, tornando-se uma das espécies mais cobiçadas da atualidade. Sua folhagem é elegante e a florada delicada, é planta de fácil cultivo em ambiente interno ou externo. A bela petit pois confere um ar retrô ao ambiente, remetendo à moda dos anos 1950/60.

Como outras plantas ornamentais, o que encontramos no mercado nacional são híbridos ou variedades melhoradas geneticamente, que diferem entre si e, inclusive, da espécie original nativa. E há que se considerar também, a grande variabilidade genética existente dentro da espécie. Aqui não entrarei neste nível de detalhes, a parte botânica deixo para os especialistas resolverem, meu objetivo é apenas mostrar a beleza e possibilidades de uso de mais uma planta autenticamente brasileira, coisa que poucos sabem. As fotos que ilustram esta matéria são da begônia-maculata tal qual o leitor vai encontrar no comércio.


Descrição botânica: Da família Begoniaceae, planta herbácea, com 1 a 3 m de altura, caule ereto e cilíndrico. Folhas alongadas, com 10 a 15 cm de comprimento, pontiagudas, com porção superior verde escura ou verde amarronzada com pontuações acinzentadas e porção inferior de coloração avermelhada. As flores são reunidas em cachos, denominadas cimeiras, que podem conter de 40 a 50 flores brancas, com muitos estames amarelados no centro. As sementes são aladas, reunidas em pequenos frutos tipos cápsulas.


Onde ocorre: Planta nativa e endêmica do Brasil, ou seja, encontrada naturalmente apenas na Mata Atlântica dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Alguns estudos apontam para a ocorrência da espécie também na Zona da Mata mineira e em áreas de mata úmida do Cerrado.

Usos: Planta ornamental amplamente cultivada no Brasil nos jardins das décadas de 1950 ou anterior. Por muitos anos foi relegada à condição de planta espontânea nos jardins das casas das avós do sul e sudeste do Brasil. Atualmente é um dos produtos mais raros e caros da floricultura nacional. Entretanto, com a visibilidade que a planta vem ganhando, espera-se que, em breve, haja um aumento da oferta e diminuição dos preços. Vai bem em vasos, floreiras ou mesmo no chão, cultivada sozinha, em maciços ou combinada com outras begônias.  A beleza de sua folhagem pintadinha e a delicadeza das flores, são um deleite a quem aprecia plantas diferentes.


Aspectos agronômicos: A produção de mudas é feita facilmente por estacas de galhos ou pela divisão das touceiras. Por sementes também é possível. Pode ser cultivada tanto em sol pleno como na sombra. O solo deve ser rico em matéria orgânica e com boa drenagem. As regas devem ser moderadas, porém, constantes. Plantas mantidas em vasos ou floreiras, devem receber adubação rica em fósforo para facilitar a floração e a manutenção de folhas vistosas. Na natureza as plantas florescem uma vez ao ano, com pico nos meses de verão. Já as plantas cultivadas podem florescer várias vezes ao ano, a depender do clima, umidade, da adubação e da aclimatação ao ambiente interno.


Bibliografia recomendada

Feliciano, C.D. Flora de Minas Gerais – Begoniaceae. 2009. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41132/tde-29102009-172815/publico/Carolina_Feliciano.pdf

Jacques, E.L.; Gregório, B.S. 2020. Begoniaceae in Flora do Brasil 2020.

http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5663






Caros leitores,

É com imensa satisfação que disponibilizo a vocês o link de mais um livro do nosso grupo de trabalho. Esse é o livro de receitas e composição nutricional das frutas e hortaliças nativas, reunidas na série Plantas para o Futuro. São 335 receitas deliciosas, além de informações detalhadas sobre a composição nutricional de cada alimento. É uma obra pioneira creditada à renomadissimos pesquisadores da área de nutrição e tecnologia de alimentos de diversas universidades federais nas cinco grandes regiões do Brasil.

O livro pode ser baixado gratuitamente no link abaixo.

Deliciem-se e divulguem esta ideia!!!

http://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/142-serie-biodiversidade.html?download=1218%3Asérie-biodiversidade-biodiversidade-52



Os mulungus são plantas da flora brasileira muito utilizados na medicina popular, e durante as próximas semanas falaremos sobre algumas delas. Estamos na época de florada dos mulungus, que além do uso medicinal, são também extremamente ornamentais. Esta semana vamos falar do mulungu mais conhecido de todos, o mulungu-vermelho ou também chamado de corticeira, maçaranduba, sananduva ou eritrina-candelabro pela disposição de suas flores que lembram as velas de um candelabro. O nome Erythrina, vem do grego erythros que significa vermelho, pela coloração das flores de várias espécies deste gênero.

Descrição botânica: É uma árvore pequena, medindo entre 2 a 3 metros de altura, muito ramificada e que perde as folhas durante a floração; o caule possui espinhos em toda sua extensão e é recoberto por uma camada de casca que vai se desprendendo lentamente, conferindo uma coloração amarronzada;  as folhas são trifolioladas e as inflorescências se formam na porção terminal dos ramos, após a quedas das folhas, dispostas em cachos; as flores tem coloração vermelha, são alongadas com até 5 cm de comprimento e em seu interior abrigam numerosos estames.
 
Mulungu (Erythrina speciosa Andrews). A) Planta inteira; B) Caule e galhos cobertos de espinhos; C) Detalhe das folhas.
Onde ocorre: É uma planta típica de áreas de brejo e margens de rios, mas também se desenvolve em terra firme. Pode ser encontrada em quase todo Brasil, sendo mais escassa na região Norte, uma vez que é planta mais comum nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. No Cerrado floresce durante a época da seca, destacando-se na paisagem cinza própria da estação.

Flores e vagens com sementes.
Usos: Os mulungus são plantas medicinais, além de bastante ornamentais. Preparados à base de folhas, cascas, raízes, flores e frutos são utilizados na medicina popular como sedativo, tranquilizante, antitussígeno e no tratamento de doenças do sistema respiratório. Estudos farmacológicos comprovam sua eficácia medicinal, além de demonstrarem que esta espécie tem potencial medicinal também como analgésica, anti-inflamatória e antimicrobiana. Porém, deve-se alertar que o uso de qualquer planta medicinal deve ser feito sob prescrição e acompanhamento de profissionais da saúde especializados no assunto. O mulungu também possui propriedades tóxicas e poderá causar sérios danos à saúde, se for utilizado de maneira incorreta.
            O mulungu, pela conformação da planta e beleza de suas flores também é ornamental, podendo ser utilizado na ornamentação de praças, parques, jardins e avenidas. Esta espécie não possui um sistema radicular muito agressivo e por isso pode ser cultivado próximo de áreas calçadas. A planta pode ser cultivada isolada, em maciços ou compondo o jardim em conjunto com outras espécies.
 
Flores abertas e estames.
Aspectos agronômicos:  A produção de mudas é feita por sementes. Embora se utilize a propagação por estaquia para muitas espécies de mulungu, para esta não tem sido um método muito utilizado. As sementes apresentam dormência e por isso, recomenda-se efetuar imersão em água durante 24 horas antes do plantio. A germinação pode ser feita em saco plásticos contendo substrato preparado com uma mistura de solo, areia e esterco, na proporção de 3:2:1. O tempo de viveiro pode variar entre cinco e sete meses, quando as mudas podem ser transplantadas para locar definitivo. As mudas também podem ser adquiridas com facilidade em viveiros comerciais. Uma vez estabelecida, a planta não é exigente em tratos culturais, podendo-se eventualmente realizar podas de manutenção.
 
Mulungu-vermelho dos jardins da Universidade de Brasilia.
Referências bibliográficas

FARIA, T.J.; CAFÊU, M.C.; AKIYOSHI, G.; FERREITA, D.T.; GALÃO, O.F.; ANDREI, C.C.; PINGE-FILHO, P.; PAIVA, M.R.C.; BARBOSA, A.M.; BRAZ-FILHO, R. Alcaloides de flores e folhas de Erythrina speciosa Andrews. Química Nova, 30(3), 525-527, 2007.
LAINETTI, R.; BRITO, N.R.S. A saúde pelas plantas e ervas do mundo inteiro. Ediouro. Rio de Janeiro, 1980.
LIMA, H.C. DE; MARTINS, M.V. Erythrina in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <Link>. 2015.
MELLO, F.B.; LANGELOH, A.; MELLO, J.R.B. Toxicidade pré-clínica de fitoterápico contendo Passiflora alata, Erythrina mulungu, Leptolobium elegans e Adonis vernalis. Latin American Journal of Pharmacy, 26(2), 191-200, 2007.
MENDONÇA, L.B.; ANJOS, L. Feeding behavior of hummingbirds and perching birds on Erythrina speciosa Andrews (Fabaceae) flowers in an urban area, Londrina, Paraná, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 42-49, 2006.
PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 19ª edição. São Paulo: Ibrasa. Biblioteca de Saúde; p. 41, 1997.

Imagens: J. Camillo.
Este blog foi criado com o objetivo de informar e entreter. Apresentar uma espécie vegetal seus usos, potencialidades e curiosidades, com informações mais detalhadas, para que as pessoas conheçam e contemplem a beleza de cada espécie.O conteúdo é destinado a toda comunidade e serão muito bem vindas, todas as colaborações daqueles que estejam dispostos a dividir seu conhecimento com quem tem sede de aprender sempre.