Mostrando postagens com marcador Flora do Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Flora do Brasil. Mostrar todas as postagens

Algumas plantas nos impressionam pela beleza de suas flores ou pela forma como a florada acontece. O abricó-de-macaco consegue fazer as duas coisas! As flores atraem o olhar com sua forma e colorido e cobrem quase toda extensão do tronco, tudo ao mesmo tempo: flores, botões florais, cachos entrelaçados e gigantes bolas amarronzadas, que são os frutos. O pesquisador da UFRRJ José Aguiar Sobrinho (1999) dizia que a árvore em florescimento é um dos espetáculos mais belos e curiosos da natureza com o tronco emitindo uma miríade de flores desde o solo até as ramificações superiores. No Brasil, é mais conhecida como abricó-de-macaco, cuieira-da-mata, coité-de-macaco ou bola-de-canhão, que corresponde à versão em inglês “cannon ball tree”, nome pelo qual a espécie é conhecida na Índia e outros países tropicais.

Descrição botânica: Planta da família Lecythidaceae, árvore de grande porte, medindo até 35m de altura. As folhas são alternas, oblongas, medindo até 20cm de comprimento, margem inteira e ápice agudo ou acuminado. As inflorescências são do tipo racemo, distribuídas por toda extensão do tronco. As flores medem entre 5 e 6 cm de diâmetro, com 6 pétalas amareladas na base e rosa a vermelho na porção superior; apresenta um anel de estames brancos e anteras compridas, no centro da flor, rosadas ou avermelhadas e com as pontas amareladas. Os frutos são globosos, medindo até 25cm de diâmetro e cor marrom; as sementes estão envoltas em uma polpa carnosa, que oxida em contato com o ar, ficando de coloração verde-azulada.


Onde ocorre: É planta nativa da flora do Brasil, sendo encontrada naturalmente em toda região amazônica brasileira e de países vizinhos. Cultivada como ornamental nas regiões quentes do Brasil e de outros países tropicais.


Usos: No Brasil a planta é usada mais comumente como planta ornamental, na arborização urbana de áreas verdes, parques e grandes avenidas. Na Índia e outros países da América Central e do Sul, a espécie é usada também como recurso medicinal, possuindo propriedades antibióticas, antifúngicas, antisséptica e analgésica. O chá das folhas é usado para tratar resfriados, feridas na pele, males do estomago e contra os sintomas da malária. As sementes são ricas em alguns tipos de alcaloides, com ação anti-inflamatória. Alguns estudos indicam o potencial de uso das sementes na composição de ração para peixes e na produção de óleo para a indústria de higiene e cosméticos. As flores fornecem alimento para abelhas nativas.


Aspectos agronômicos: É planta típica de solos amazônicos brejosos, mas se adapta e cresce bem também em solos mais secos. A propagação é feita por sementes. Deve ser cultivada a pleno sol, em regiões com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Em locais com pouca chuva, a planta deve ser regada abundantemente. O solo deve ser bem adubado e com textura argilosa, que permite maior retenção de água. No paisagismo, deve ser cultivada em áreas amplas e com menor circulação de pessoas. Deve-se evitar o cultivo em estacionamentos e sobre os passeios públicos, uma vez que os frutos pesados (até 2,5kg) podem se desprender e causar acidentes. A flora mais intensa ocorre de setembro a março e a frutificação de dezembro a maio, porém existem variações a depender do clima e da região.


Bibliografia recomendada

Cabello, N.B. et al. Couroupita in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB17964>. 

Kumar, C.S. et al. A short review on therapeutic uses of Couroupita guianensis Aubl. International Research Journal of Pharmaceutical and Applied Sciences, 1(1), 105-108, 2011.
Peperomia circinnata

As peperômias formam um dos grupos de plantas mais amplamente utilizados no paisagismo e na composição de vasos para decoração de interiores. Algumas espécies são minúsculas e pouco conhecidas da maioria das pessoas. Elas crescem sobre pedras e trocos de árvores e são belíssimas. Estas duas que vamos falar hoje podem ser cultivadas em vasos, da mesma forma que as suculentas, ou sobre troncos no jardim. Além disso, são plantas nativas das florestas úmidas do Cerrado, belezas da nossa biodiversidade que precisam ser mais bem conhecidas.

Peperomia circinnata

Descrição botânica: Ervas epífitas (crescem sobre os troncos de outras espécies sem parasitá-las) com caules finos e alongados, que se estendem ao longo do hospedeiro, de crescimento ascendente (P. campinasana) ou não-ascendente (P. circinnata). As folhas são pequenas e suculentas: arredondadas e levemente rosadas em P. circinnata, ou com base aguda e levemente rajadas em P. campinasana. As inflorescências são pequenas, em forma de espigas, eretas, solitárias, contém muitas flores pequenas esbranquiçadas ou acobreadas, a depender da espécie, e minúsculos frutinhos globosos de cor marrom ou quase pretos.

Peperomia circinnata

Onde ocorrem: Espécies nativas, porém, não endêmicas do Brasil. Peperomia circinnata apresenta ampla ocorrência natural no Brasil, com predomínio nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Já P. campinasana tem ocorrência mais restrita, sendo encontrada no Cerrado e na Mata Atlântica.

Usos: Plantas de uso ornamental, tanto na composição de vasos quanto no jardim, cultivadas sobre trocos ou pedras. Elas podem recobrir troncos com sua folhagem minúscula, o que confere um aspecto muito bonito e agradável ao jardim. P. circinnata, devido à característica de ramos não-ascendentes, é a mais adequada para o cultivo em vasos, onde forma uma cortina pendente muito bonita. Já P. campinasana, por seu crescimento ascendente, adapta-se melhor no recobrimento de superfícies como os caules de árvores, palmeiras e samambaiaçus.

Peperomia campinasana

Aspectos agronômicos: A produção de mudas pode ser feita por meio de pedaços de ramos com folhas, colocados sobre a superfície que se quer recobrir ou sobre placas de fibras naturais (placas de fibra de coco, por exemplo). Também é possível aproveitar as sementes, colhendo-se as espiguetas com os frutos pretos maduros e colocar para germinar sobre esfagno ou outro substrato leve, com umidade constante. A germinação também pode ser feita sobre papel úmido, com posterior transplantio das mudinhas para os vasos. As plantas preferem ambientes úmidos e sombreados, mas é bom lembrar que a rega deve ser moderada. O excesso de umidade apodrece os caules. A rega deve ser feita sempre que o ambiente estiver completamente seco.

Peperomia campinasana

Recomendação: Para quem visitar Pirenópolis e Cidade de Goiás, em Goiás, observe os muros de pedra do casario histórico, são recobertos de peperômias. Em Belém/PA, essas minúsculas plantinhas crescem naturalmente sobre as mangueiras gigantes e centenárias, um deleite para quem aprecia os detalhes.

Cuidado: É sempre bom lembrar que a retirada de plantas de seus ambientes naturais é crime ambiental. Compartilhe mudas já existentes nos jardins ou, sempre que possível, procure comprar mudas de viveiristas idôneos. Entretanto, por se tratar de plantas nativas e pouco conhecidas, é difícil encontrar mudas a venda no comércio. A Planta da Vez trabalha para que, um dia, quem sabe, elas estejam disponíveis facilmente e ao alcance de todos, sem destruir a natureza.

Peperomia campinasana


Bibliografia recomendada

Carvalho-Silva, M.; Monteiro, D. Peperomia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB12633

Carvalho-Silva, M.; Monteiro, D. Peperomia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB12627

Guimarães, E.F.; Medeiros, E.V.S. Peperomia circinnata e Peperomia campinasana (Peperomia). In: Vieira, R.F.; Camillo, J.; Coradin, L. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro Região Centro-Oeste. Brasília, DF: MMA, 2018.

As helicônias são plantas típicas das regiões tropicais do mundo, surgem em abundantes cores, formas e numerosas espécies. Apenas no Brasil, já foram identificadas 30 espécies nativas do gênero
Heliconia, além de uma grande quantidade de espécies exóticas que se adaptaram às condições climáticas do país e são cultivadas para o mercado de flor de corte. A helicônia-papagaio é uma das espécies nativas, com ocorrência natural em boa parte dos estados brasileiros, exceto o sul do País, onde só é encontrada em cultivo.

Descrição botânica: Família Heliconiaceae, erva rizomatosa formando touceiras com múltiplos caules finos e entrenós alongados. As folhas são pecioladas, com lâmina linear, de formato oblongo, elíptico ou lanceolado e base acuminada (formato pontiagudo). As inflorescências saem no final dos caules e têm forma de tirso (pequenos cachos com muitas flores reunidas), eretas, com brácteas coloridas vistosas, de coloração variando entre o alaranjado e o avermelhado. 


Onde ocorre: Heliconia psittacorum é nativa do Brasil, mas não endêmica, isto é, pode ser encontrada naturalmente em outros países tropicais da América do Sul. Planta de área de floresta quente e úmida, comum na Amazônia e nas matas de galeria do Cerrado. O epíteto psittacorum é uma referência à família dos papagaios e araras (Psittacidae), devido às cores e formatos das inflorescências, que se assemelham ao colorido das plumas desses pássaros. Daí também resulta o nome popular da espécie: helicônia -papagaio. 

Usos: Amplamente usada no paisagismo e como flor de corte, devido à grande durabilidade de suas inflorescências. No paisagismo pode ser cultivada em renques, maciços, canteiros elevados, floreiras ou acompanhando o traçado de muros ou paredes. As inflorescências cortadas são resistentes ao calor e possuem alta durabilidade, ideal para uso como flor de corte na elaboração de arranjos florais tropicais. O tamanho reduzido, quando comparada à outras espécies do gênero, a durabilidade e a leveza de suas inflorescências, tornam esta helicônia uma das mais comercializadas no mercado de flores tropicais no Brasil. A espécie também foi utilizada na produção de híbridos com inflorescências menores e cores entre o rosa-chá e o vermelho-fogo, muito apreciadas na elaboração de arranjos florais. 


Aspectos agronômicos: A helicônia-papagaio prefere clima quente e úmido, embora tolere um pouco de frio e o clima seco do Cerrado. A propagação é feita pela divisão dos rizomas, que devem se plantados sob sol pleno ou meia sombra, com rega constante. Embora tolere seca, a produção de folhas e flores é mais vigorosa quando a rega é abundante. O solo deve ser leve, bem drenado e rico em matéria orgânica (esterco de aves, de gado e/ou humus). Quando cultivada em jardim, deve-se atentar para as podas de limpeza e formação das touceiras, a fim de manter a floração e o viço das plantas o ano todo, bem como, diminuir a incidência de pragas e doenças. 


Bibliografia recomendada 

Heliconiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB7962>. 2020.

Kuhlmann, M.; Gomes-Bezerra, K.M.; Reis, P.A. Heliconia psittacorum (heliconia). In: Vieira, R.F.; Camillo, J.; Coradin, L. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Centro-Oeste. 2018. https://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/54-agrobiodiversidade

O início da primavera é marcado pela exuberante floração das bouganvilleas que, por esta razão, também são conhecidas popularmente como primaveras. Quanto mais seco o clima, mais vistosa é a floração. Primavera, três-marias, santa-rita, ceboleiro e flor-de-papel são algumas das denominações regionais destes arbustos no Brasil. Mas o que pouca gente sabe, é que as bouganvilleas são nativas do sul e sudeste do Brasil e foram levadas como planta ornamental para a Europa e outros países do mundo. Por muitos anos, foi mais fácil encontrar bouganvilleas sendo cultivadas na Grécia, Portugal e Itália, do que no Brasil. Felizmente, essa realidade mudou muito, e hoje a planta vem sendo amplamente utilizada no paisagismo e é um dos grandes produtos da floricultura nacional, inclusive, com muitos híbridos no mercado. 


Descrição botânica:
Da família Nyctaginaceae, arbustos lenhosos, com até 12 m de altura, ramos escandentes (levemente caídos), com poucos ou muitos espinhos na ramagem, conforme a espécie. As folhas são oval-alongadas e de coloração verde. As flores são pequenas, esbranquiçada e estão envoltas por três ou mais brácteas de coloração que varia entre branco, diversos tons de rosa, vermelho, até o ferrugem. De forma equivocada, muitas pessoas se referem às brácteas como sendo flores, quando, na verdade, são folhas modificadas que envolvem as flores e conferem as cores característica das plantas. 


Onde ocorre: São duas espécies mais conhecidas no Brasil: a Bougainvillea glabra Choisy tem brácteas de cor rosa ou lilás e é nativa do Sul do Brasil; já a espécie Bougainvillea spectabilis Willd. tem brácteas de cores variadas, simples ou dobradas, e é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. O gênero Bougainvillea compreende 11 espécies nativas da América do Sul, sendo 5 consideradas nativas do Brasil: B. campanulata, B. fasciculata, B. glabra, B. praecox e B. spectabilis


Usos: Plantas cultivadas em jardins, no paisagismo de praças e parques, tanto nas cidades como na zona rural. Vai muito bem como planta de vaso e cultivada como bonsai. No jardim pode funcionar como arbusto mantido e moldado com podas (topiaria), como cerca-viva sobre cercas e grades, ou mesmo, como cerca-defensiva. Tem sido utilizada também no recobrimento de caramanchões e pergolados. Floresce com maior intensidade entre o outono e a primavera, mas algumas plantas podem permanecer floridas por vários meses durante o ano, a depender do clima. As diferentes colorações das brácteas tem sido estudadas devido a presença de substâncias bioativas com potencial antioxidante, que poderiam ter uso alimentício e medicinal. Na medicina popular é usada para o controle de diabetes e hepatite. Estudos mostraram que o extrato das folhas apresenta efeito repelente. 


Aspectos agronômicos: B. glabra tolera geadas, já a espécie B. spectabilis prefere climas mais quentes, sem incidência de geadas fortes. A produção de mudas é feita por estaquia ou por alporquia, já que raramente produz sementes. Recomenda-se o uso de enraizadores para a produção de mudas de boa qualidade, já que as estacas apresentam dificuldade para enraizar naturalmente. Para uma floração mais vistosa, deve-se efetuar o cultivo das plantas a pleno sol e com pouca água. 



Curiosidade: O nome popular bouganvillea, deriva do nome científico latim Bougainvillea, uma homenagem ao navegador francês Conde Louis Antoine Bougainville, que aportou em Florianópolis no ano de 1767. Enquanto esperava o abastecimento de sua Nau, o Conde resolveu fazer algumas incursões pela Ilha para conhecer melhor a flora da região; foi quando se deparou com os arbustos coloridos chamativos que, mais tarde, vieram a ser nomeados em sua homenagem. Alguns historiadores atribuem ao Conde Bougainville a responsabilidade pela introdução desta espécie na Europa que, de lá se espalhou, sendo, atualmente, cultivada em todas as regiões tropicais do mundo. 

Bibliografia recomendada 

Bougainvillea in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10907

Foschini, J.C. Formação de um banco ativo de germoplasma, seleção de acessos e propagação vegetativa de Bougainvillea. UFSCAR. 2017. 

Lorenzi, H.; Souza, H.M. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Editora Plantarum, 2008.


Quando falamos em culinária regional, alguns sabores são emblemáticos. Para mim, quando se fala em comida goiana, vem logo à memória o empadão goiano, que nada mais é do que uma empada gigante recheada com frango, queijo, linguiça e gueroba ao gosto do cozinheiro. A gueroba ou guariroba, como também é chamada em Goiás, é uma palmeira que produz um palmito amargo bastante apreciado na cozinha regional. Assim como o pequi, o sabor é forte, e não existe meio termo, ou você ama ou odeia. 

O sabor se assemelha ao do jiló e o amargor pode ser controlado durante o cozimento, ou efetuando-se um escaldamento do palmito até suavizar o sabor. Aliás, por falar em amargor, a comida goiana tem, além da gueroba e do jiló, outro ingrediente de peso, um pouco menos conhecido e já tratado aqui neste blog, que é a jurubeba (Link). Esse trio é inesquecível! 

Empadão goiano: prato tradicional indispensável a quem vai conhecer as cidades históricas de Goiás
Descrição botânica: Da família Arecaceae, a gueroba é caracterizada pelo seu caule solitário e fino, que pode alcançar entre 5 a 20 metros de altura. As folhas têm coloração verde-escura, até 3 m de comprimento (compostas 100 a 200 pinas cada), concentradas em espiral no final do tronco, dispostas entre 15 a 20 unidades, formando copa arredondada. As inflorescências são interfoliares e recobertas por uma proteção lenhosa (raque); as flores são pequenas, de coloração creme e numerosas. Os frutos (coquinhos) têm formato arredondado (elipsoide) e coloração verde-amarelada. 

Inflorescência de guerobeira visitada por abelhas arapuás (polinizadores)
Onde ocorre: A gueroba é uma palmeira nativa, só encontrada no Brasil (endêmica), especialmente no Cerrado do planalto central, desde o norte do Paraná, até o Mato Grosso, Tocantins e sul-sudeste da Bahia. 

Cacho com frutos ainda verdes
Usos: Planta de uso alimentício, ornamental, medicinal, forrageira (frutos) e oleaginosa. O palmito é a porção comestível e pode ser empregado na culinária em diversas preparações. Além do recheio do famoso empadão goiano, pode ser usado em saladas, molhos e complementos. Quanto aos aspectos nutricionais, o palmito é rico em vitamina C, potássio, fósforo, antioxidantes e fibras, além de apresentar baixo índice calórico, são menos de 12 calorias em cada 100g de produto in natura. A amêndoa dos frutos também pode ser usada como alimento. No interior de Goiás ela é o ingrediente principal do “doce de taia”. É rica em óleo, sendo considerada um alimento de elevado valor calórico, com mais de 600 kcal em cada 100g de amêndoa in natura. O óleo pode ser empregado na produção de cosméticos. 

No livro Biodiversidade Sabores e Aromas (link no final do texto), o leitor poderá encontrar dicas e muitas receitas com o palmito, a exemplo do patê, a pamonha de frango com gueroba, o arroz de puta rica e a chica-doida, receitas tradicionais, simples e muito saborosas da cozinha goiana. 

A planta apresenta excelentes qualidades para uso no paisagismo, com destaque para o belo aspecto plástico conferido pelo seu caule único e afilado, terminando em copa arredondada, além da ausência de espinhos, facilidade de cultivo e resistência à seca, pragas e doenças. A planta é presença obrigatória nos diversos jardins de Burle Marx em Brasília, além de muitas outras cidades da região Centro-Oeste. 

Uso da gueroba no paisagismo. Praças dos Cristais- Brasília-DF.
Aspectos agronômicos: A produção de mudas é feita por sementes, que devem ser semeadas em sacos plásticos individuais. O percentual de germinação é de aproximadamente 60% e demora em torno de 100 a 120 dias para germinar. Dê preferência sempre à coquinhos maiores, que produzem mudas mais robustas. O substrato para germinação deve conter 3 partes de solo para uma parte de esterco bovino e, para cada 100kg de substrato, 2,5 kg de NPK 4-14-8 ou outra formulação organo-mineral similar, o que proporciona melhor formação das mudas quando se deseja iniciar um cultivo comercial. Quando as mudas atingiram cerca de 30 a 40 cm de altura podem ser plantadas nos locais definitivos e a colheita do palmito se dá após 3 ou 4 anos. O plantio das mudas deve ser feito em solo leve, bem drenado e rico em matéria orgânica. As plantas preferem locais de clima quente e, embora tolerem bem a seca, a irrigação constante resulta em crescimento mais rápido e plantas mais bonitas. 

Para o cultivo em jardim valem as mesmas regras, contudo, as mudas podem ser facilmente adquiridas em viveiros da sua região. O cultivo deve ser feito em espaços amplos e longe de redes elétricas e residências, uma vez que a planta pode crescer bastante. 

Observação importante: O cultivo comercial dessa espécie, ainda que em pequena escala, é de extrema importância para preservar as guerobeiras no ambiente natural, uma vez que a extração do palmito implica obrigatoriamente na morte da planta e esta não rebrota. Então, nunca colha o palmito direto da natureza, nem compre produtos sem saber a procedência, você poderá estar contribuindo, sem saber, para a destruição da nossa biodiversidade. Conhecer a procedência do alimento que estamos comprando é uma obrigação enquanto consumidores, além de valorizar e apoiar quem produz de forma correta. 

Palmito de gueroba in natura comercializado em feiras livres de Goiás. Foto: J.P. Bucher

Bibliografia recomendada 

Santiago, R.A.A.; Coradin, L. Biodiversidade Brasileira: sabores e aromas. Ministério do Meio Ambiente. 2018. Link

Soares, K.P. Syagrus in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.  <Link>

Vieira, R.F.; Camillo, J.; Coradin, L. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial : plantas para o futuro: região Centro-Oeste. MMA, 2018. Link



Nomes populares de plantas variam muito conforme os países, regiões, ou mesmo, entre os estados de uma mesma região. No Brasil, quando falamos em bertalha é possível distinguir várias espécies de plantas com características semelhantes, mas, em geral, a Anredera cordifolia e a Basella alba são as mais comuns. Então, vamos aprender um pouco mais sobre essas duas espécies? 

Anredera cordifolia (Ten.) Steenis 

Anredera cordifolia
A espécie recebe os nomes populares de bertalha, cipó-babão, basela, folha-santa ou trepadeira-mimosa, sendo reconhecida pela maioria da população como planta invasora. Apresenta elevado potencial de infestação, é bastante agressiva, crescendo sobre outras plantas e, por este motivo, deve ser cultivada com cuidado para evitar a infestação de áreas adjacentes. 

Esta bertalha também é chamada de ora-pro-nobis sem espinho. Embora botanicamente não sejam parentes próximas, o sabor e a textura das folhas jovens lembram o sabor da ora-pro-nobis verdadeira, a qual já foi assunto aqui no site, em post anterior (Link). 

Pertence à família botânica Basellaceae, planta perene, trepadeira, com folhas e ramos suculentos, glabros, folhas arredondadas, inflorescências alongadas, compostas por numerosas flores brancas. Pode apresentar pequenos bulbos aéreos. 

Anredera cordifolia é nativa do Brasil e ocorre em praticamente todos os estados da faixa atlântica, desde o Rio Grande do Sul até o Ceará. O florescimento pode ocorrer o ano todo e, em algumas regiões onde a floração é menos intensa, as plantas produzem pequenos bulbos nas axilas foliares, propagando-se tanto por sementes quanto pelos bulbos. Prefere locais com sol pleno ou meia sombra, com irrigação constante.

As folhas jovens são consumidas em saladas cruas ou cozidas, refogadas, ensopadas ou em mistura na massa ou recheio para bolos, pães, suflês ou fritatas. A planta também é usada na medicina popular. 


Basella alba L. 

Basella alba
Esta é a bertalha propriamente dita, também chamada de espinafre-do-oriente. Pertence à família botânica Basellaceae, nativa do sudoeste asiático e cultivada no Brasil. A espécie se apresenta como uma trepadeira suculenta, de caule liso, folhas brilhosas, em formato de coração, com nervuras bem marcadas, inflorescências em formato de pequenos racemos com flores brancas. Os frutos são carnosos e de coloração púrpura, quando maduros. 

Esta hortaliça tem sido cultivada nas várias regiões do Brasil, sendo facilmente encontrada em supermercados e feiras-livres. Muitos autores ainda a consideram como uma PANC, porém, pela sua ampla distribuição no Brasil e cultivo cada dia mais difundido, já pode ser considerada como hortaliça convencional. Contudo, independente da classificação, a bertalha atende a todos os requisitos para estar com sucesso na mesa brasileira. 

A propagação pode ser feita por sementes ou por estacas de ramos, os quais apresentam crescimento mais rápido e vigoroso. A semeadura pode ser feita diretamente no canteiro ou em bandejas, para posterior transplantio. O espaçamento varia de 30 a 40 cm entre plantas e entre linhas. O solo deve ser leve, bem drenado e com muita matéria orgânica. A colheita se dá entre 60 a 90 dias após o plantio. 

A bertalha é uma hortaliça de elevado valor nutritivo, especialmente vitaminas A e C, cálcio e ferro. As folhas jovens devem ser consumidas cruas ou refogadas e podem ser usadas de forma muito versátil na composição de pratos com carnes, ovos ou farofas. Pode entrar como componente na massa ou no recheio de tortas e quiches ou, ainda, no enriquecimento nutricional do nosso arroz com feijão de cada dia. 

Potencial invasivo de Anredera cordifolia, que deve ser cultivada sob contenção para evitar o alastramento excessivo.

Bibliografia recomendada 

Bertalha. Folder da Embrapa Hortaliças. Link

Kinupp, V.F. et al. Anredera cordifolia (Basellaceae), uma hortaliça potencial em desuso no Brasil. Link

Lorenzi, H. Plantas daninhas no Brasil. 3ª edição. 2000. 

Pellegrini, M.O.O.; Imig, D.C. Basellaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 30 Jun. 2019 

Pellegrini, M.O.O.; Imig, D.C. Basellaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 30 Jun. 2019

Esta foi a planta que despertou meu interesse pelo estudo do nosso maravilhoso bioma Cerrado. Foi assunto do meu trabalho de conclusão de curso de graduação, estudando a diversidade genética em diversas populações da espécie no Brasil central. É planta medicinal valiosa para muitas comunidades tradicionais no Cerrado, que usam a casca das árvores para preparar banhos, chás, garrafadas, pomadas e outros produtos.

Esta planta também é conhecida pelos nomes populares de casca-da-mocidade ou casca-da-virgindade, em alusão ao potencial cicatrizante atribuído às suas cascas. Reza a lenda que, banhos ginecológicos com o chá das cascas de barbatimão era capaz de “reparar o malfeito nas moças” e acelerar a cicatrização em parturientes. 


Descrição botânica: É uma arvoreta muito comum no Cerrado, da família Fabaceae, pode medir de 2 a 5m de altura, tortuosa, com muitos ramos curtos e casca grossa, fendida longitudinalmente, expondo a entrecasca de coloração avermelhada. As folhas são pinadas, com folíolos arredondados e coloração verde clara. As inflorescências têm formato de espiguetas, com minúsculas flores de cor amarelo clara. O fruto é um legume indeiscente, inicialmente verde, passando a castanho escuro conforme avança a maturação.

Onde ocorre: Nativo do Brasil, o barbatimão é encontrado no Cerrado e na área de transição entre o Cerrado e a Caatinga. Planta típica de áreas de campo sujo e cerradão, em solos profundos e de composição arenosa.


Usos: As cascas do tronco e ramos são empregadas na medicina popular para curar doenças sexualmente transmissíveis, inflamações e cicatrização de feridas na pele, fabricação de cremes e sabonetes para limpeza de pele. As cascas, maturadas no álcool ou cachaça, compõe garrafadas para as mais diversas finalidades. A casca avermelhada fornece material corante para artesanato, além de ser matéria-prima para a extração de tanino para a indústria química. O tronco fornece madeira para pequenas construções, marcenaria e torno.

Existem inúmeros estudos científicos que demonstram o potencial anti-inflamatório e cicatrizante dos extratos de casca de barbatimão. Um desses estudos menciona que a pomada de barbatimão pode apresentar efeito superior àqueles observados com o uso das pomadas comerciais a venda no Brasil. Em 2009 foi lançada a primeira pomada de barbatimão (Fitoscar) com registro no Ministério da saúde, produto de pesquisas desenvolvidas por universidades brasileiras. 


Aspectos agronômicos: A produção de mudas é feita por sementes, que devem ser semeadas logo após a colheita, em substrato composto por duas partes de terra de mata, 1 parte de areia e 1 parte de esterco bem curtido. O tempo de viveiro pode variar de 12 a 18 meses.

Cuidados: As flores do barbatimão são toxicas para abelhas, porém, já existem estudos que permitem minimizar os efeitos sobre as colmeias. As favas (frutos) podem causar intoxicação em bovinos e sua ingestão por outros animais domésticos também deve ser evitada.

Outro cuidado importante é observar a forma correta de colheita das cascas, a fim de evitar a morte das plantas. Deve-se escolher plantas adultas, com mais de 10cm de diâmetro de caule; cortar as cascas a altura mínima de 1 m acima do solo e em placas de até 30 cm de comprimento; não efetuar o anelamento do caule (corte total da casca em um único ponto); colher as cascas, preferencialmente, nos meses de julho a novembro, antes do período de floração e frutificação. Uma nova colheita de cascas na mesma planta somente será efetuada após 3 a 4 anos.


Bibliografia recomendada

MARTINS, E.R. et al. In: VIEIRA, R.F.; CAMILLO, J.; CORADIN, L. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Centro-Oeste. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade. – Brasília, DF: MMA, 2018. (Link)


O chichá ou chicazeiro é uma planta nativa do cerrado, que embora poucas pessoas conheçam, faz parte da arborização urbana de diversas cidades no Centro-Oeste do Brasil. As plantas chamam atenção, especialmente durante a época seca, quando perdem as folhas e restam apenas os ramos com frutos vermelhos nas pontas.

Descrição botânica: Árvore com até 25 m de altura; folhas simples, alternas, caducas e pecioladas, de formato ovalado, com até 30 cm de comprimento. As flores são pequenas, reunidas em inflorescências tipo panícula terminal, contendo até 50 flores; os frutos medem cerda de 10 cm de comprimento, lenhosos, que mudam de cor à medida que amadurecem, passando de verde, a vermelho-vivo e acastanhado quando colhidos. Cada planta pode produzir até 200 frutos, com 2 a 8 amêndoas por fruto. 
Mudança de coloração dos frutos à medida que amadurecem.
Onde ocorre: O chichazeiro é uma planta nativa do Brasil central, especialmente dos biomas Cerrado e Caatinga. Cresce em solos secos e pedregosos ou em locais mais úmidos nas matas de beira de rio. 

Usos: Sua maior utilização atualmente é na arborização urbana. Em zonas mais secas a planta apresenta porte reduzido, entre 5-7m de altura, o que permite seu uso em áreas menores, exceto em locais próximos à fontes ou piscinas, pois perdem as folhas em uma época do ano. Em Brasília, são cultivadas nas áreas verdes comunitárias, parques e canteiros centrais das avenidas, formando maciços ou em conjunto com outras espécies nativas do Cerrado. As amêndoas dos frutos são comestíveis e depois de torradas, apresentam aroma semelhante ao cacau. Do ponto de vista nutricional, as amêndoas contêm alta quantidade de fósforo, superando até mesmo a castanha-do-brasil. Produzem óleo com qualidade alimentícia e para fins farmacêuticos e cosméticos. Diversos estudos têm sido realizados visando o aproveitamento do óleo também para a produção de biocombustível e nanopartículas.
Árvore de chicazeiro utilizada na arborização urbana em Brasilia-DF.
Aspectos agronômicos: A propagação ocorre por sementes e deve ser feita em sacos plásticos individuais, do mesmo modo como se procede para a germinação de outras arbóreas. Se as sementes forem recém colhidas a germinação pode levar entre 15 a 30 dias, com percentual de até 90%. As mudas estarão prontas para o plantio definitivo com 18 meses de idade. O plantio deve ser feito em solo leve e bem drenado, com regas constantes até o pegamento da muda. Não exige muitos cuidados de manutenção.

Fruto maduro e amêndoas de chichá.

Bibliografia consultada

DINIZ, Z.N., et al. Sterculia striata seed kernel oil: characterization and thermal stability. Grasas y aceites, 59(2), 160-165, 2008.
FRAGUAS, R.M. et al. Chemical constituents of chich (Sterculia striata St. Hil. et Naud.) seeds. African Journal of Agricultural Research, 10(9), 965-969, 2015.
Sterculia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 13 Jul. 2017.


O brinco-de-princesa ou fúcsia, tal qual a conhecemos nos jardins, é produto de cruzamento genético e seleção de plantas de origem sul-americanas. O gênero Fuchsia é considerado nativo do Brasil, uma vez que possui oito espécies nativas do nosso país e que também serviram de base genética para a produção dos híbridos comerciais. Entre as espécies nativas, destaca-se a Fuchsia regia, endêmica da Mata Atlântica.


Descrição botânica: Pertencem à família Onagraceae, são plantas escandentes (com galhos pendentes, mas que não necessitam obrigatoriamente de tutoramento), medindo entre 1 a 2 m de altura. Os ramos são abundantes, emitindo delicados botões florais nas extremidades. As folhas são verde-escuras, pequenas e opostas. As flores são igualmente pendentes, com cálice tubular nas cores branco, vermelho ou roxo; a corola também possui cores variadas: roxa, vermelha, branca ou azul, simples ou dobradas; com estames prolongados para fora das flores.


Onde ocorre: O gênero Fuchsia está distribuído por toda a zona tropical e subtropical do continente Americano. Diversas espécies ocorrem naturalmente nos biomas brasileiros e algumas são cultivadas em jardins, especialmente no sul e sudeste do Brasil. A espécie também é cultivada como ornamental em vários países da Europa. 


Usos: Planta predominantemente de uso ornamental em vasos, floreiras ou mesmo no chão do jardim. O uso em vasos e floreiras é mais recomendado devido ao aspecto pendente da planta, que resulta em maior valor ornamental das plantas. As flores são comestíveis e podem ser utilizadas como decoração em saladas e outros pratos.


Aspectos agronômicos: São plantas rusticas e muito resistentes, com boa capacidade de adaptação aos diferentes climas do Brasil, inclusive ao frio do sul do país. Devem ser cultivadas a pleno sol ou em locais com sombra parcial (pelo menos 4 horas de sol por dia), com ou sem tutoramento, dependendo do uso desejado. A propagação é feita com facilidade por estacas de ramos jovens (ponteiro ou estaca mediana) ou por sementes. As plantas devem ser cultivadas em solo rico em matéria orgânica e com regas constantes, mas sem encharcar o substrato.


Bibliografia consultada

LORENZI, H. Planta ornamentais no Brasil: arbustiva, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa: SP. Instituto Plantarum. 4ª Ed. 2008.

FALKENBERG, D. Fuchsia regia. In: CORADIN, L.; SIMINSKI, A.; REIS, A. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro – Região Sul. Brasília: MMA, 2011.

FLORA DO BRASIL. Onagraceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 02 Mai. 2017.

O mureré ou golfe é uma planta aquática nativa do Brasil, mas que pouca gente aqui conhece. Ela pode ser utilizada tanto na alimentação como no paisagismo. Tem folhagem ornamental e delicadas flores amarelo-claras. Em inglês é conhecida como yellow bur-head, yellow velvetleaf e em espanhol lírio amarillo.

Descrição botânica: Planta da família Alismataceae, erva rizomatosa, emersa, com altura de até 0,6 metros; pecíolos triangulares a sextavados, com aerênquima, folhas inteiras, ovaladas e com textura levemente áspera; inflorescências terminais, em forma de escapo com uma ou várias flores, pequenas e de coloração amarelo claro.

Onde ocorre: É planta nativa do Brasil e pode ser encontrada em quase todos os Estados da Federação, mas também é cultivada em vários países tropicais do Continente Americano, Ásia e na Oceania. Na Malásia e Indonésia é considerada planta naturalizada e invasora das lavouras de arroz cultivado. É planta típica de ambientes alagados ou brejosos. No Brasil, floresce de agosto a março.


Usos: Suas flores e folhas são muito apreciadas na culinária do sudoeste asiático. Na Índia, Vietnam, Laos, Cambodja, Malásia e Indonésia, as folhas e pecíolos jovens são consumidos refogados, em sopas, molhos, pratos com curry ou como substituto do espinafre. Os botões florais jovens são consumidos frescos e cobertos por molhos apimentados, em pratos típicos regionais. Nestes países, as plantas são comercializadas ainda jovens, in natura (em pequenos maços) em feiras e supermercados. 
     No paisagismo o mureré é cultivado nas laterais ou dentro de espelhos d’água, cascatas, córregos e lagos. Em alguns locais, esta espécie é comercializada também como flor de corte. 
    Estudos mostraram que esta espécie apresenta grande potencial para uso na fitorremediação, uma vez que seu sistema de filtração consegue retirar metais pesados (a exemplo do mercúrio) da água, em áreas contaminadas pela atividade de mineração.

Aspectos agronômicos: A produção de mudas pode ser feita por meio de sementes ou, mais facilmente, por divisão de touceira, em qualquer época do ano. Prefere climas mais quentes, embora se adapte também em regiões mais frias. Deve ser cultivada associada à presença de água, em lagos ou brejos de pouca profundidade, em ambientes a pleno sol ou meia sombra. A espécie apresenta alto potencial invasivo, sendo recomendável seu cultivo em locais que permitam a contenção das plantas, a fim de evitar o alastramento para áreas não desejadas. 


Bibliografia consultada

Alismataceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: Link. Acesso em: 15 Mar. 2017.
Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Coordenação de Maria das Graças Lapa Wanderley, George John Shepherd, Ana Maria Giulietti. São Paulo: FAPESP: HUCITEC, 2002. 
LIM, T.K. Limnocharis flava. In Edible Medicinal and Non Medicinal Plants (pp. 232-235), 2014.
MARRUGO-NEGRETE, J. et al. Removal of mercury from gold mine effluents using Limnocharis flava in constructed wetlands. Chemosphere, 167, 188-192, 2017.
Este blog foi criado com o objetivo de informar e entreter. Apresentar uma espécie vegetal seus usos, potencialidades e curiosidades, com informações mais detalhadas, para que as pessoas conheçam e contemplem a beleza de cada espécie.O conteúdo é destinado a toda comunidade e serão muito bem vindas, todas as colaborações daqueles que estejam dispostos a dividir seu conhecimento com quem tem sede de aprender sempre.