Quaresmeira {Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.}

by 2/14/2015 08:17:00 AM 0 comentários

Elas estão por toda parte, lindas e majestosas. As quaresmeiras ou flor-da-quaresma florescem duas vezes ao ano: uma florada na primavera e outra entre verão e outono (jan/mar), época que, em geral, coincide com o período de quaresma para várias religiões, daí a origem do nome popular flor-da-quaresma. Em inglês a espécie é conhecida como glory tree ou purple glory tree.

Quaresmeira em floração no mês de janeiro em
Sobradinho/DF. Foto: J. Camillo.
Características botânicas: Espécie de porte arbóreo, da família botânica Melastomataceae, que pode medir até 12 metros de altura. O tronco é simples, com até 40 cm de diâmetro e, eventualmente, com brotações na base. As folhas são simples, alongadas e de base acuminada, com nervura central bem destacada, de coloração verde-escura e com pelos superficiais. As flores são pentâmeras (cinco pétalas), com numerosos estames alongados e retorcidos; apresenta plantas com flores roxas e outras com flores rosadas. Os frutos são de tamanho pequeno, cor marrom, deiscentes e com inúmeras sementes que são dispersadas pelo vento.

Onde ocorre: A espécie é nativa da flora do Brasil, de ocorrência natural na Mata Atlântica. Atualmente é cultivada como ornamental em quase todo o Brasil, estendendo-se também a outras regiões de clima tropical e subtropical da América do Sul, sul dos Estados Unidos, ilhas do Havaí e até na China.
 
Flores da quaresmeira com seus estames alongados e
retrocidos. Fotos: J. Camillo.



Usos: A planta é bastante ornamental e encanta pelo colorido vistoso observado durante a floração. Seu uso ornamental é bastante difundido, sendo recomendada para projetos paisagísticos variados e na arborização urbana de praças, parques e jardins. Pelo seu porte reduzido, pode ser uma alternativa para locais próximos de rede elétrica.       
          A espécie também pode ser indicada como componente em projetos de recuperação de áreas degradas e como bioindicadora, para estudos de avaliação da poluição ambiental em centros urbanos.
        Uma observação importante quanto ao uso da espécie: a planta apresenta ramos frágeis que podem ser quebrados com facilidade pelo vento, sendo necessárias podas periódicas para manter o porte baixo e evitar acidentes.





Aspectos agronômicos:  Seu cultivo deve ser feito sob sol pleno, preferencialmente em solo fértil e de boa profundidade. No entanto, como é uma espécie rustica (pioneira), adapta-se e cresce também em solos pobres. Requer irrigação frequente até o seu completo estabelecimento e não tolera solo encharcado, por isso deve-se observar que o solo seja bem drenado. Pode-se efetuar o preparo prévio do solo antes do plantio das mudas, enriquecendo-o com matéria orgânica, que pode ser oriunda de aparas de grama, folhas e restos poda ou outro composto orgânico facilmente disponível.

A mesma espécie (Tibouchina granulosa) apresenta plantas com flores roxas e outras com flores rosadas. Alguns autores consideram as plantas de flores rosadas uma variedade desta espécie, no entanto, esta informação não consta na Flora do Brasil <Link>. Fotos: J. Camillo.
            A produção de mudas pode ser feita através da estaquia de ramos semilenhosos, em casa mesmo, ou adquiridas diretamente em viveiros comerciais. A propagação via sementes também é possível, no entanto, estudos relatam a ocorrência de dormência logo após a maturação, resultando em baixo percentual de germinação. Suas sementes tem características ortodoxas e podem ser armazenadas em refrigerador (±10º), por até um ano, sem perder a viabilidade.

Botões florais e flores totalmente abertas. Fotos: J. Camillo.
            Assim como já praticada para outras espécies ornamentais, a produção de mudas via micropropagação também pode ser utilizada para as quaresmeiras, com bons resultados. A multiplicação é feita a partir de segmentos de ramos novos (miniestacas), com 85% de enraizamento das estacas após 20 dias e 100% de sobrevivência das mudas durante o processo de aclimatização. No Brasil já existem vários laboratórios especializados em micropropagação e boa parte das plantas ornamentais que compramos atualmente, são produzidas desta forma.


Momentos de contemplação. Fotos: J. Camillo.
Referências bibliográficas

GUIMARÃES, P.J.F. Tibouchina in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 04 Fev. 2015.
IBF – Instituto Brasileiro de Florestas. Mudas de quaresmeira. Disponível em: Link. 2015
JIANG, B. et al. Rapid Propagation of Tibouchina granulosa. Guangdong Landscape Architecture, 5, 19, 2010.
LOPES, J.C. et al. Maturação fisiológica de sementes de quaresmeira. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 40(8), 811-816, 2005.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1998. v.1. 352p
PATRO, R. Quaresmeira – Tibouchina granulosa. Disponível em: Link. 2015.
STARR, F. et al. Tibouchina granulosa. 2003. Disponível em: Link. 2015.
ZAIA, J.E.; TAKAKI, M. Estudo da germinação de sementes de espécies arbóreas pioneiras: Tibouchina pulchra Cogn. e Tibouchina granulosa Cogn. (Melastomataceae). Acta Botanica Brasilica, 12(3), 221-229, 1998.

ZAMPIERI, M.C.T. et al. Characterization of Tibouchina granulosa (Desr.) Cong. (Melastomataceae) as a biomonitor of air pollution and quantification of particulate matter adsorbed by leaves. Ecological Engineering, 61, 316-327, 2013.

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