by
9/06/2015 09:31:00 AM
0
comentários
Agronomia
Amazônia
Bactris gasipaes
biodiversidade
Flora do Brasil
palmeiras
plantas alimentícias
Plantas Ornamentais
Pupunha
Universidade de Brasilia
Tenho um carinho especial pelas palmeiras, elas foram assunto da minha
tese de doutorado e também aqui no blog. São lindas, versáteis, de cultivo
fácil e muito abundantes nas terras
Brasilicas. Esta semana A Planta da Vez é a Pupunha, palmeira Amazônica
muito apreciada na culinária regional, com frutos de sabor suave, muito
saborosos e substanciosos. Quem visitar a Região Norte não pode deixar de
provar, esta que é apenas uma das muitas riquezas que a Amazônia nos oferece.
Segundo pesquisador
Charles R. Clement, um estudioso das palmeiras amazônicas, a pupunha também é
conhecida pelas denominações chontaduro,
cachipay (Colombia), pejibaye (Costa Rica), chontaruro (Equador), pijuayo
(Perú), gachipaes (Venezuela), peach palm, pewa nut (Trinidad).
Pupunheira (Bactris gasipaes). Coleção de germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental, Bélem/PA. |
Descrição
botânica: É uma
palmeira multicaule com até 20 m de altura; caules
com diâmetro entre 15 a 30 cm, com numerosos espinhos finos e alongados; as
folhas são reunidas no ápice do caule em número variável entre 15 a 25 e no
centro da coroa foliar, as folhas jovens e tenras, formam o palmito; a inflorescência
é grande e surge na axila das folhas; os frutos são multicoloridos; cada cacho
podem conter entre 50 a 1000 unidades e pesar entre 1 a 25 kg; frutos maduros
são recobertos por umas casca fina e fibrosa cuja cor varia entre o verde,
vermelho, laranja ou amarelo e um mesocarpo (polpa) rico em amido e óleo.
Onde
ocorre: Planta de ocorrência natural na Floresta Amazônica, geralmente
associada a áreas antropizadas (presença humana), tanto em terra firme quanto
naquelas mais úmidas de margens de rios (Floresta pluvial). Também pode ser
encontrada - em pequena quantidade espontânea ou cultivada - em algumas áreas
do Cerrado.
Usos: Os
frutos são consumidos, cozidos com água e sal ou na forma de farinha, na
alimentação regional do Norte do Brasil. O palmito tem grande interesse
comercial, sendo uma das principais fontes desta iguaria no mercado atual. Os
frutos também podem ser utilizados para a alimentação animal.
O uso alimentar das
palmeiras deve ser estimulado e ampliado, pois são abundantes, de fácil cultivo
e, via de regra, não produzem toxina como outros grupos de plantas. Apenas
recomenda-se o cuidado de não ingerir frutos in natura (crus), pois estes
contém em seu exterior cristais de oxalato de cálcio que causam irritação na
pele e nas mucosas da boca. Os frutos da pupunheira devem ser cozidos em água e
sal por 30 a 50 minutos para eliminar estes cristais e melhorar o sabor.
Nota-se quando estão cozidos pela macies da polpa e liberação de óleo na água
do cozimento. O sabor é suave, com textura que lembra um pouco o milho e a
mandioca, e podem ser consumidos como aperitivo ou acompanhamento de pratos
principais.
Frutos cozidos em água e sal. Iguaria facilmente encontrada nas feiras da cidade de Belém/PA. |
A farinha obtida da
polpa dos frutos pode ser utilizada na fabricação de pães e bolos, podendo ainda,
ser um substituto para a farinha de milho convencional, com um sabor semelhante
e vantagens nutricionais. Atualmente existem vários plantios comerciais de
pupunha para a extração de palmito, que é considerado de qualidade superior
àqueles obtidos da palmeira açaí (Euterpe
spp.). A planta também produz perfilhos, característica pouco comum em palmeiras,
e que permite a colheita de vários caules em uma mesma touceira.
Os frutos também podem
ser uma opção para a alimentação animal, na formulação de rações ou mesmo in
natura como complemento da alimentação.
Aspectos agronômicos: A propagação
é feita por sementes, germinadas
em sementeiras, em substrato composto por uma mistura de solo e material
orgânico. A germinação é lenta e ocorre entre 30-120 dias. As mudas podem ser
adquiridas também de viveiristas especializados. Com 6 a 8 meses as mudas estão
prontas para o plantio definitivo, que deve ser feito no início da estação
chuvosa. A pupunha pode ser cultivada em plantio solteiro, em sistemas
agroflorestal ou agrossilvipastoril. Neste último, deve-se adotar alguns
cuidados para evitar que os animais comam ou danifiquem as plantas. Para
informações mais detalhadas conferir Clement (Link),
CEPLAC (Link)
e INPA (Link).
Curiosidades:
A
presença de espinhos ao longo do caule, dificulta o manejo da cultura. Porém,
nos últimos anos pesquisas na área de melhoramento genético da pupunha,
identificaram e selecionaram plantas sem espinho que mais tarde darão origem a
cultivares comerciais. Várias Instituições de pesquisa tem trabalhado no melhoramento
genético da espécie, entre elas a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM), que possui
um grande banco de germoplasma de Pupunheira disponível para a pesquisa
cientifica.
Referências
bibliográficas
CLEMENT,
C.R. Introdução à pupunha. Revista da
Pupunha. 2015. Disponível em: Link
LEITMAN, P.; SOARES, K.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L.; MARTINS,
R.C. Arecaceae in Lista
de Espécies da Flora do Brasil. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>.
Acesso em: 06 Set. 2015.
Fotos: J. Camillo. As fotos podem ser utilizadas desde que respeitada a autoria.
0 comentários:
Postar um comentário