Ipê-amarelo (Handroanthus spp. e Tabebuia aurea)

by 8/22/2015 07:47:00 PM 0 comentários

A florada dos ipês marca a despedida do inverno e indica que a primavera vem com tudo. Nestas semanas podemos observar a cada dia um colorido diferente nas ruas, praças e avenidas de muitas cidades do Brasil: são os ipês e sua beleza ímpar. Esta semana A Planta da Vez é o Ipê-amarelo.
            Pelo nome “Ipê-amarelo” são conhecidas, pelo Brasil a fora, muitas espécies de plantas com flores amarelas. Neste espaço iremos tratar rapidamente de três delas: Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos, Handroanthus serratifolius (A.H.Gentry) S.Grose. e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f.ex S.Moore. Essas espécies também são conhecidas pelos nomes populares de caraíba, paratudo, pau-d’arco, pau-d’arco-amarelo ou ipê-cascudo, em alusão à espessura da casca do tronco de algumas plantas.
 
Flores do Ipê-amarelo (Handroanthus ochraceus).
Descrição botânica: Plantas da família Bignoniaceae, árvores com altura variando entre 5 a mais de 20 metros; copa com formato assimétrico; cascas de coloração cinza; folhas compostas, com 5 a 7 folíolos, com pilosidade superficial (mais ou menos densa conforme a espécie); as flores são grandes, amarelas, campanuladas, concentradas em cachos ao final do ramos, possuem estrias avermelhadas na parte interna, podendo ser bem marcadas ou mais discretas, conforme a espécie; os frutos são bagas alongadas (vagem), cobertas por pelos (mais ou menos densos), contendo numerosas sementes aladas em seu interior. As espécies H. ochraceus e T. aurea apresentam grande número de ramos curtos e tortuosos, a casca do tronco é fendilhada longitudinalmente e bastante espessa.
 
Detalhes da planta e do tronco do Handroanthus ochraceus, também chamado de ipê-cascudo pela espessura das cascas do tronco e ramos.
Onde ocorrem: De forma espontânea em quase todas as regiões do Brasil, com exceção das regiões mais frias do Sul do País. H. ochraceus e T. aurea são os ipês mais comuns que ocorrem no bioma Cerrado. As espécies podem ser encontradas com maior frequência em ambiente seco, mas podem ocorrer também em áreas mais úmidas.
 
Árvore e cacho de flores de Handroanthus serratifolius.
Usos: A beleza e imponência da florada conferem a estas espécies um enorme potencial ornamental, no paisagismo de ruas, avenidas, praças e jardins em geral. T. aurea, pelo seu porte reduzido pode ser cultivada em pequenos espaços e ruas mais estreitas. Não se recomenda o plantio dos ipês próximo a residências ou em áreas calçadas, pois seu sistema radicular pode danificar o calçamento e a rede de esgoto. Por serem árvores caducifólias (perdem as folhas em uma época do ano), seu cultivo próximo à piscinas, fontes ou telhados, pode causar o entupimento de calhas e danificar sistemas de filtragem.
            Na medicina tradicional, as cascas do tronco são utilizadas como anti-inflamatório, cicatrizante, analgésico e no tratamento de gripes e resfriados, principalmente a espécie Tabebuia aurea, cujo nome comum Paratudo, está ligado ao uso medicinal que se faz da planta.

Flores de cor amarelo-ouro da Tabebuia aurea (ipê-amarelo do Pantanal).
Informações agronômicas: A floração destas espécies ocorre nos meses de julho a novembro, com maior intensidade entre agosto e setembro. A colheita de sementes para a produção de mudas, pode ser iniciada a partir do mês de setembro. A germinação é feita em canteiros ou embalagens individuais, em substrato organo-arenoso, sob tela de proteção com 50% de sombreamento nos primeiros 20 dias. A propagação por estaquia, embora menos utilizada, também podem ser feita, em especial para H. serratifolius. As mudas estarão prontas para o plantio definitivo por volta de cinco a seis meses.
            O cultivo deve ser feito em pleno sol, em solo fértil e bem drenado para um melhor estabelecimento das mudas. As regas devem ser constantes, porém uma vez estabelecida, as plantas são resistentes à seca - aspecto bastante importante em época de crise hídrica - e não exigem muitos cuidados para sua manutenção.

Curiosidades: A espécie Tabebuia aurea é um dos símbolo do Pantanal, onde forma maciços denominados “paratudais”, caracterizados pela floração amarelo-ouro intensa nos meses de agosto e setembro. A presença dessa espécie é indicativo de solo fértil. Ecologicamente, cumpre um papel importantíssimo na cadeia alimentar de muitas aves do Pantanal, como periquitos e papagaios.
           
O velho ipê parecia mais um guardião que ali permanecia desde os tempos de vovó criança, alegrando as novas gerações com sua imponência e beleza. Toda primavera tingia-se de amarelo, exibindo suas abundantes flores amarelas. O João-de-Barro, ah este parecia ser o dono daquela árvore, edificou sua moradia de alvenaria no mais alto tronco e de lá era o sentinela efetivo. Eu perdia até a noção do tempo ali junto ao Ipê brincando na relva.
                                                    Adaptado da crônica “Tronco do Ipê” de Adauto Neves (Link)
 
O endereço do João-de-Barro.
Referências bibliográficas
BRANDÃO, H.L.M.; SAMPAIO, P.T.B. Propagação por estaquia de pau-darco-amarelo (Tabebuia serratifolia Nichols). Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2003.
BRANDÃO, M.; LACA-BUENDÍA, J.P.; MACEDO, J.F. Árvores nativas e exóticas do estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: EPAMIG, 2002.
CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Vol. 4. Brasília – DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo – PR: Embrapa Floresta, 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Árvores do Brasil Central: espécies da região geoeconomica de Brasilia. Vol. 1. Rio de Janeiro, 2002.
LOHMANN, L.G. Bignoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 22 Ago. 2015
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Vol. 1. 5 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.


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