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11/29/2015 09:44:00 AM
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Agronomia
Baru
biodiversidade
Cerrado
cumbaru
Dipteryx alata
plantas alimentícias
Plantas Ornamentais
Universidade de Brasilia
O
baru é um fruto típico do Cerrado brasileiro, bioma do qual aprendi a gostar e
que hoje é o motivo maior do meu trabalho. Estudo o Cerrado a 16 anos e, como
Eng. Agrônoma, pretendo mostrar que é possível aliar a conservação da
biodiversidade à geração de emprego e renda. Plantas como o baru nos mostram
que essa associação não é apenas possível, mas também viável economicamente.
Incluir alimentos tradicionais na nossa mesa, significa também diversificar o
portfólio de produtos e as oportunidades para a agricultura, sobretudo, aquela
de base familiar que corresponde hoje a mais de 80% dos produtores rurais do
Brasil.
Frutos do Baru (Dipteryx alata Vog.) |
Descrição botânica: Da família Fabaceae, a árvore mede até 15 metros de
altura, com tronco ereto e casca de coloração cinza; as folhas são alternas,
compostas pinadas com 7 a 12 folíolos; as inflorescências são tipo panícula,
formadas nas axilas das folhas na porção terminal dos ramos, possui entre 200 a
1000 flores de cor predominantemente branca e uma bráctea central arroxeada,
medem entre 0,8 e 1cm de comprimento; os
frutos são do tipo drupa, com formato ovoide, levemente achatado e de
cor marrom-claro; o endocarpo é bastante duro e protege o interior do fruto que
contém a amêndoa, de cor castanho-escuro e textura lisa brilhante. A espécie também apresente outras
denominações regionais, como: cumbaru, cumaru,
barujo, coco-feijão, cumarurana, emburena-brava, feijão-coco e pau-cumaru.
Botões florais e flores abertas. |
Árvore de baru utilizada em paisagismo. |
Onde ocorre: É
uma planta nativa mas não endêmica do Brasil. Típica de áreas de Cerrado,
ocorrendo nos estados do PA, RO, TO, BA, MA, PI, GO, MT, MS, MG, SP, CE e no
DF. Não ocorre naturalmente na região Sul do Brasil.
Usos: Principalmente como alimentícia. A castanha
extraída dos frutos do baru é muito saborosa, de aroma e sabor suaves,
lembrando um pouco a castanha de caju. Pode ser consumida in natura, torrada ou como ingrediente na elaboração de pratos doces e salgados, como as paçocas (doces ou
salgadas), pés-de-moleque, mousses, farinha, óleo, biscoitos, brigadeiro,
sorvetes e tudo o mais que a criatividade do cheff permitir. A polpa dos frutos
pode ser aproveitada para a extração de farinha, utilizada em substituição à farinha branca na panificação. A castanha de baru, além de ser um alimento muito versátil, é rica em proteínas, ácidos graxos, vitaminas e minerais essenciais para uma alimentação saudável.
Um dos produtos mais conhecidos,
preparado à base da castanha do baru, é o licor (cujo nome comercial mais famoso
é Baruzetto). O sabor da bebida é delicado, adocicado e lembra a Amarula. O
licor também podem ser preparado em casa e a receita completa pode ser
conferida no site da Pousada Mandala, de Pirenópolis-GO (Link).
A planta ainda possui potencial para
uso como madeireira, ornamental - pela folhagem densa que produz boa sombra
- ou ainda como elemento em projetos
para recuperação de áreas degradadas, em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta
(ILPF) ou ainda em sistemas agroflorestais (SAFs).
A castanha de baru beneficiada, ou
mesmo os frutos inteiros, podem ser encontrados com facilidade nas feiras
livres da região Centro-Oeste do Brasil. A castanha torrada e o licor são
encontrados com facilidade também nos mercados e lojas especializadas em
produtos do Cerrado. Em Brasília, pra quem vem a passeio e quer experimentar essa
e outras iguarias, pode encontrar no Café ou na Feira da Torre de Televisão,
bem no coração da Capital Federal.
Aspectos agronômicos: A frutificação ocorre durante a estação seca do Cerrado,
com maior concentração no final desta, nos meses de outubro a novembro. As
mudas são obtidas das sementes recém colhidas, quando o índice de germinação é
superior a 90%. A germinação ocorre entre cinco a dez dias após a semeadura,
mas pode estender-se por até 60 dias dependendo do tempo e das condições em que
as sementes foram armazenadas. Preferencialmente, a germinação deve ser feita
em embalagens individuais contendo substrato organoargiloso (duas partes de
terra e uma de esterco de gado curtido) ou substrato comercial próprio para
produção de mudas. A produção de mudas deve ser feita em ambiente sombreado,
entre 30 a 50% e com irrigações frequentes. No viveiro e no campo, após o
plantio, as mudas mostram um rápido crescimento e aos quatro anos já iniciam a
frutificação.
Baru sendo comercializado na Feira do Padre (Sobradinho-DF): é possível encontrar tanto o fruto inteiro como a castanha torrada. |
Agradecimento: Este
post é um agradecimento especial pelo presente que recebi do sr. Alberto Mateus
Pires, o Beto do Baru, um estudioso e entusiasta do Baru e do Cerrado. Muito
obrigada pelo seu trabalho inspirador.
Referências Bibliográficas
AJALLA,
A. et al. Produção de mudas de baru (dipteryx alata Vog.) sob três níveis de
sombreamento e quatro classes texturais de solo. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 34(3), 888-896, 2012.
AVIDOS,
M.F.D.; FERREIRA, L.T. Frutos do cerrado: preservação gera muitos frutos. Revista de Biotecnologia. Disponível
em Link.
CARRAZZA,
L.R.; D’ÁVILA, J.C.C. Manual
Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Baru.
Brasília – DF. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Brasil, 2010.
56 p.; il. - (Série Manual Tecnológico).
LIMA,
H.C.; LIMA, I.B. Dipteryx in Lista
de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Disponível em: <Link>.
Acesso em: 27 Nov. 2015.
PROJETO
BARU. Disponível em Link.
quais benefícios para saúde do baru
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