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3/26/2016 10:53:00 AM
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Agronomia Universidade de Brasilia
Caryocar brasiliense
Flora do Brasil
Goiás
Pequi
plantas alimentícias
Plantas Ornamentais
O
pequi é um fruto típico do Cerrado brasileiro e característico da culinária do
Centro-Oeste, especialmente do estado de Goiás. Está presente em uma infinidade
de pratos e produtos da gastronomia regional, além de contar um pouco da história
cultural e colonial do Brasil central. A poetisa brasiliense Hull de La Fuente,
no poema Flor do pequi, resume em
versos as belezas da nossa planta da vez:
Uma
estrela assim formosa
Que
nasce aqui no cerrado
E seu
fruto é afamado.
Esta
flor é bem sensível,
Não se
pode apertar não
Sua
reação é incrível,
Ela
murcha e cai ao chão.
O seu
fruto é saboroso
Quem o
come não esquece.
Sem
espinhos é gostoso,
Vem
provar, se não conhece.
Descrição
botânica: Família Caryocaraceae, porte arbóreo (até 10m de altura)
ou, algumas vezes, reduzido e tronco bastante retorcido, conforme o solo da
região; o caule é recoberto por uma casca espessa e fendida (adaptação ao fogo);
as folhas são trifolioladas, apostas, pilosas, com bordos ondulados e cor
verde-escuro; as flores são reunidas em cachos no final dos ramos e cada cacho
pode conter entre 2 a 30 botões florais de coloração avermelhada, as flores
abertas tem coloração creme, com numerosos e alongados estames; os frutos são
do tipo drupa, com 1 a 4 sementes (caroços) recobertas por uma camada de polpa
alaranjada, aromática e rica em óleo; as sementes são envoltas por uma densa
camada de espinhos, que funciona como proteção contra os predadores.
Onde
ocorre: A espécie é nativa da flora do Brasil e ocorre naturalmente
em áreas de Cerrado, desde o norte do Paraná até o Tocantins e o Pará. No
Centro-Oeste, é possível encontrar cultivos destinados à produção comercial de
frutos, embora raros e em pequena escala.
Usos:
A
planta pode ser utilizada como alimentícia, oleaginosa e ornamental. Os frutos
são consumidos cozidos ou simplesmente refogados em azeite e alho. Da polpa
alaranjada pode-se preparar conserva, cremes doces e salgados, geleias doces e
salgadas, farinha, óleo, licores, molhos e uma infinidade de outras preparações.
O prato mais famoso é o arroz com pequi, presença obrigatória no dia-a-dia da boa
cozinha goiana. A casca dos frutos também pode ser utilizada para o preparo de
farinha e pode substituir parcialmente a farinha de trigo. O óleo pode ser utilizado
com condimento, cosmético e medicinal. A castanha (semente) pode ser utilizada
para produção de óleo ou ser consumida torrada, da mesma forma que outras castanhas.
A conformação retorcida do tronco e dos galhos formam um belo conjunto
ornamental, além de ser uma espécie pouco exigente em água e de fácil
manutenção.
Produtos preparados a partir da polpa do pequi: o arroz com pequi é o prato mais famoso, mas ainda tem geleia (doce), licor, polpa em conserva, óleo e o molho de pequi com pimenta. |
Dicas:
Receitas
deliciosas preparadas com pequi podem ser encontradas no livro Alimentação Saudável na Culinária Regional,
de autoria da professora Raquel Santiago, da Universidade Federal de Goiás.
Atualmente
é possível, sem muito esforço, comprar produtos à base de pequi em diversos
supermercados de quase todo o Brasil, inclusive no Sul. Recentemente estive em
Florianópolis e encontrei molho de pequi sendo comercializado em supermercados
e nos quiosques do Mercado Municipal, o mesmo observei na cidade de Porto
Alegre/RS.
Quiche de ricota com pequi, a melhor receita com pequi que já provei. O sabor é muito suave, agrada até quem não é muito fã do fruto. |
Aspectos
agronômicos: A multiplicação pode ser feita por sementes ou por
estaquia. Mudas oriundas de semente demoram até 8 anos para iniciar a
frutificação, sendo mais recomendável, portanto, o uso de mudas propagadas por
estaquia, adquiridas em viveiros especializados. O plantio deve ser feito no início
do período chuvoso e o cultivo, feito à pleno sol, em solo bem drenado, leve e
adubado, para uma boa produção de frutos. A frutificação ocorre nos meses de
dezembro a fevereiro, havendo alguma variação conforme a região do País, sendo possível
encontrar plantas frutificadas também entre os meses de março a maio. A espécie
pode ser cultivada tanto na forma de plantios puros, como em consorciação com
outras culturas.
Cuidado:
A
melhor forma de comer pequi é literalmente “roer o caroço” e nunca, já mais,
morder para tirar pedaço. Por isso recomenda-se muita cautela a quem for
experimentar pequi pela primeira vez. Ao morder o caroço expõe-se os espinhos
que recobrem as sementes e que poderão causar extremo desconforto por ficarem
aderidos à mucosa bucal, podendo, inclusive, causar lesões mais graves se não
forem removidos rapidamente e de forma correta.
Referências
bibliográficas complementares
AGEITEC
– Agencia Embrapa de Informação Tecnológica. Pequi. 2016. Link
CAMARGO,
M.P. et al. A cultura do pequi (Caryocar
brasiliense Camb.) na recuperação de áreas degradas e como alternativa para
a produção de biodiesel no Brasil. Journal
of Agronomic Sciences, v.3, n. especial, p.180-192, 2014.
CARYOCARACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2016. Disponível em: <Link>.
EMATER-MG. A cultura do pequi. 2016. Link
OLIVEIRA, W.L.; SCARIOT,
A. Boas práticas de manejo para o
extrativismo sustentável do pequi. Brasília: Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, 2010. 84 p. Link
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