Alface-d’água (Pistia stratiotes L.)

by 3/27/2021 09:27:00 AM 0 comentários

A alface-d’água é uma das plantas aquáticas mais amplamente usadas no aquarismo e no paisagismo. Sua folhagem pilosa e sempre verdinha é o maior atrativo ornamental. Em lagos ornamentais, ajuda na manutenção do microclima, fornece proteção e alimento para peixes e outros microrganismos, além de proteger a fauna aquáticos da insolação direta. Entretanto, é planta de alto potencial invasivo, que deve ser usada com cuidado e em locais específicos.

Descrição botânica: Da família Araceae, a alface d’água é uma erva aquática flutuante, perene, que pode medir de 15 a 20 cm de altura. As folhas possuem aspecto aveludado, coloração verde-amarelada, textura interna esponjosa (ajuda na flutuação), com nervuras longitudinais bem marcadas; as folhas são reunidas em roseta, com raízes pendentes e alongadas. As flores são diminutas, esbranquiçadas e quase imperceptíveis entre a folhagem.


Onde ocorre: Planta nativa do Brasil, porém, não endêmica. Encontrada em boa parte dos países de clima tropical e subtropical. Conhecida também como repolho-do-nilo (Nile cabbage), devido à sua ocorrência comum às margens do Rio Nilo, fazendo crer que a espécie fosse originária da África. Entretanto, novos estudos mostraram se tratar de uma espécie com distribuição pantropical (por todas as regiões dos trópicos), e seu centro de origem ainda é considerado incerto.

Usos: Planta de uso ornamental, muito comum em aquários, lagos e espelhos d’água. Na Índia, é usada na medicina popular no controle de tosse, asma, como laxativa, diurética e antimicótica. Suas folhas são ricas em vitaminas A e C, além de fitoesteroides que podem ser usados na produção de medicamentos. Com potencial de uso na fitorremediação de ambientes naturais.


Aspectos agronômicos: Multiplica-se com facilidade pela separação das plantas que surgem no final dos ramos (estolões). É comum ver uma planta adulta com uma dezena, ou mais, de plantas pequenas em volta, cada uma forma uma nova muda. Prefere climas quentes, onde se propaga com maior velocidade. Periodicamente, deve ser feita a retirada do excesso de plantas, a fim de evitar que a espécie cubra toda a superfície do tanque e cause a morte dos demais organismos aquáticos, necessários para o equilíbrio do ambiente.

A espécie possui ampla capacidade reprodutiva tanto por meio de estolões quanto por sementes, produzidas o ano inteiro e em grande quantidade. Prolifera-se descontroladamente em águas poluídas, sendo considerada invasora de canais e margens de rios urbanos.


Curiosidades: Na Índia, Estados Unidos e em alguns países africanos a infestação das águas por P. stratiotes é tão grande que tem sido estudado diferentes formas de erradicação e/ou aproveitamento econômico da espécie. Estudos mostraram que sua biomassa pode ser usada na produção de biogás; na remoção de arsênico, cádmio, cromo e mercúrio em ambientes aquáticos contaminados por vazamentos de produtos químicos; e ainda, pode ser insumo para a produção de biomoléculas e compostos farmacêuticos.

Cuidados: Espécies aquáticas são frequentemente associadas à procriação de mosquitos da dengue. Para evitar infestação, uma ou duas vezes por semana, deve-se efetuar uma boa rega sobre essas plantas. O que parece uma horrível redundância é, na verdade, uma forma natural eficiente de manter as plantas sempre limpas e livres das temidas larvas. A lavagem das plantas interrompe o ciclo das larvas e dificulta sua chegada à fase adulta. No caso dos lagos ornamentais, essa prática facilita que as larvas caiam no interior do tanque e sejam comidas pelos peixes.


Bibliografia recomendada

Mayo, S.J.; Andrade, I.M. 2021. Pistia in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5070

Tripathi, P. et al. (2010). Pistia stratiotes (Jalkumbhi). Pharmacognosy Reviews, 4(8), 153, 2010.

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