Só pode dizer que verdadeiramente conhece o Brasil, quem já esteve no Pará e experimentou o jambu. O sabor não é bem característico e, ao ser mastigada, a planta deixa uma sensação de dormência na boca. O jambu é ingrediente de dois pratos típicos da culinária paraense: o pato no tucupi e o tacacá.
A planta também é cultivada em diversos países da América do Sul, Índia, Tailândia e em alguns países europeus. No Brasil, o jambu também é chamado de agrião-do-Pará, agrião-do-Norte, jabuaçu, erva-maluca, jaburama ou botão-de-ouro. Na Índia a espécie é chamada de Akarkara ou “planta-da-dor-de-dente”.
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Jambu (Acmella oleracea). Detalhe de inflorescências. |
Descrição botânica: Planta da família Asteraceae, herbácea perene, medindo entre 20 a 40 cm de altura, hábito semiereto e ramos decumbentes. As folhas são opostas, pecioladas, ovaladas, sinuosas, com bordas dentadas, nervuras bem visíveis e de coloração verde-escuro; os pecíolos das folhas podem apresentar coloração esverdeada ou arroxeada. As inflorescências são pequenos capítulos de coloração amarela. Os frutos são do tipo aquênio, com numerosas sementes.
Onde ocorre: A espécie não é nativa da flora do Brasil, mas adaptou-se muito bem às condições climáticas do País, sendo encontrada, na condição de cultivada, em boa parte dos domínios fitogeográficos dos biomas Mata Atlântica e Amazônia. Também é encontrada em regiões tropicais próximas à linha do Equador na África, Ásia e América do Sul.
Usos: O maior uso da planta no Brasil é alimentício, mas também pode ser utilizada como planta ornamental e na composição de jardins sensoriais. O consumo do jambu no Pará é bastante difundido em pratos típicos, a exemplo do pato no tucupi e do tacacá, além de ser consumido na forma de salada, sopas ou refogados. As inflorescências trituradas, por seu sabor marcante, podem ser utilizadas como condimento. Do ponto de vista nutricional, é uma planta de baixa caloria (32cal), rica em cálcio (203mg) e com bom teor de vitamina C (20mg para 100g de folhas).
A espécie possui ainda propriedades medicinais e cosméticas. Na medicina popular são relatados os usos da planta como antibacteriana, antifúngica, antimalárica, analgésica (dor de dente), anestésica, inseticida e no tratamento de gripes, tosses, além de raiva e tuberculose.
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Inflorescências comercializadas no mercado Ver-o-peso, Belém-PA.
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Curiosidade: A atividade anestésica desta planta é devida, principalmente, à presença de espilantol, um alcaloide com propriedades antissépticas, encontrado em maior concentração nas inflorescências e, menos concentrado, nas folhas.
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Jambu comercializado em feira livre, Belém-PA. |
Aspectos agronômicos: A propagação pode ser feita por meio de sementes ou de estacas de ramos. O crescimento das plantas é rápido e a floração se inicia entre 30 e 40 dias após a germinação. A planta prefere climas quentes e úmidos, solos de textura argilo-arenosa e ricos em matéria orgânica. Solos de várzea, quando bem drenados também podem ser utilizados para o cultivo. A planta é bastante exigente em água, sendo recomendado o cultivo sob irrigação em locais e/ou épocas secas. A colheita pode ser iniciada cerca de 60 dias após o plantio.
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Aspeto das plantas cultivadas durante o florescimento. |
Dica: Para quem não mora ou não pode ir ao Pará mas quer experimentar o jambu, pode visitar as barraquinhas de comidas típicas em feiras-livres nas diversas regiões do País, onde é mais fácil de encontrar a iguaria. Em Brasília, é possível tomar um bom tacacá nas barraquinhas da Feira da Torre de TV e na Feira do Guará.
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Tacacá, famoso caldo da culinária paraense que leva jambu como um de seus ingredientes especiais. |
Referências
Acmella in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15913>. Acesso em: 16 Set. 2016.
GILBERT, B.; FAVORETO, R. Acmella oleracea (L.) RK Jansen (Asteraceae)–Jambu. Revista Fitos Eletrônica, 5(01), 83-91, 2013.
POLTRONIERI, M.C.; POLTRONIERI, L.S.; MULLER, N.R.M. Cultivo do jambu (Spilanthes oleracea L.). Recomendações básicas. Embrapa Amazônia Oriental. 1998.