Mostrando postagens com marcador slow food. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador slow food. Mostrar todas as postagens





Caros leitores,

É com imensa satisfação que disponibilizo a vocês o link de mais um livro do nosso grupo de trabalho. Esse é o livro de receitas e composição nutricional das frutas e hortaliças nativas, reunidas na série Plantas para o Futuro. São 335 receitas deliciosas, além de informações detalhadas sobre a composição nutricional de cada alimento. É uma obra pioneira creditada à renomadissimos pesquisadores da área de nutrição e tecnologia de alimentos de diversas universidades federais nas cinco grandes regiões do Brasil.

O livro pode ser baixado gratuitamente no link abaixo.

Deliciem-se e divulguem esta ideia!!!

http://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/142-serie-biodiversidade.html?download=1218%3Asérie-biodiversidade-biodiversidade-52




Esta postagem é especial para agradecer todas as pessoas queridas que sempre passam pela nossa vida todos os dias. Imagine um final de semana de muito trabalho e de repente alguém bate à sua porta lhe trazendo um presente. Foi num dia desses que ganhei da minha querida vizinha Bárbara, um prato cheio de umbus madurinhos e suculentos. Para muito além da política de boa vizinhança, gestos como esse tem o poder de mudar a nossa percepção sobre as pessoas e o lugar onde vivemos. 

Então a nossa planta da vez é o umbu, considerado como “o fruto sagrado do sertão”. O umbuzeiro é planta típica e simbólica do nordeste brasileiro, como conta em versos o poeta Marialvo Barreto:

Umbuzeiro. Foto: Fernanda Muniz Bez Birolo (Embrapa Semiárido).


Se você ainda não sabe
Vou lhe dizer o que é
O umbuzeiro é uma planta 
Que na caatinga tem pé
Resistente à toda seca
Sagrado pra quem tem fé

É um símbolo do Nordeste
Onde o sol é de rachar
No tabuleiro e na serra
Em todo lugar está
Só existe no sertão
Porque este é seu lugar (...)


Onde ocorre: O umbu é uma planta nativa do Brasil de ocorrência natural nos biomas Caatinga e Cerrado. O umbuzeiro é planta exclusiva do Brasil, ou seja, é endêmica do País.

Descrição da planta: O umbuzeiro pertence à família Anacardiaceae (a mesma o cajueiro), árvore com 4 a 6m de altura e copa com diâmetro de até 15m; o caule é ramificado, com casca áspera e de cor variando entre cinza-claro a escuro conforme a idade da planta; as folhas são pecioladas, alternadas, imparipinadas e de formato oblongo ou ovalado; as flores são pequenas, numerosas e dispostas em panículas no final dos ramos; os frutos são globosos, com 2 a 5cm de comprimento, coloração inicialmente verde evoluindo para amarelo-esverdeada conforme avança a maturação; a polpa é suculenta.

Frutos colhidos um pouco antes da maturação, ou "de vez", e comercializados em feiras-livres regionais.

Usos: Os frutos são ricos em vitamina C e sais minerais. O umbu é um alimento importante tanto para o homem quanto para os animais nas comunidades rurais do semiárido, sobretudo em anos de seca. Pode ser consumido in natura ou processado na forma de polpa, suco, doce, umbuzada, licor, xarope, pasta concentrada, umbuzeitona ou fruto cristalizado.

Os frutos possuem aroma suave, porém o sabor é um pouco ácido. Algumas plantas produzem frutos muito ácidos, por isso é importante, especialmente para quem vai experimentar umbu pela primeira vez, selecionar frutos bem maduros e de polpa mais doce.

Frutos maduros, doces e suculentos, presente da minha querida vizinha Bárbara França. 

Aspectos agronômicos: O umbuzeiro pode ser propagado por meio de sementes ou, para a obtenção de mudas de qualidade, por enxertia. A espécie tem grande capacidade de resistência à seca e pode ser cultivada em plantios puros, mistos ou como elemento na recuperação e recomposição de áreas degradadas.

São poucos os cultivos comerciais de umbuzeiro, a maior parte do umbu comercializado no Brasil é coletada de forma extrativista, o que não diminui a importância deste fruto, que durante o período de safra é uma importante fonte de renda e alimento aos sertanejos no semiárido nordestino.

Já existem diversas pesquisas realizadas pela Embrapa com a finalidade de selecionar plantas mais produtivas, frutos maiores e mais doces visando o cultivo em escala comercial. Mais informações sobre cultivo e aproveitamento do umbu também podem ser obtidas na cartilha da Embrapa “Umbuzeiro: valorize o é seu” (Link).


Referências

Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 19 Dez. 2016 .

Embrapa. O umbu e outras fruteiras nativas são boas opções para a agricultura familiar. 2016. Disponível em Link.

Marialvo Barreto. Se o umbuzeiro falasse. Disponível em: Link.


Assim como muitos brasileiros, tenho por hábito ir à feira nos fins de semana. Sobradinho/DF, minha cidade, tem duas feiras muito boas: a Feira da Lua nas sextas-feiras e a Feira do Padre aos domingos pela manhã. Sempre vou à várias feiras em busca de novos sabores e aromas. No último fim de semana tive a grata satisfação de experimentar o bacupari, um fruto de sabor doce, suculento e muito aromático. Então fiquei curiosa pra conhecer um pouco mais sobre este fruto, que será a nossa planta da vez: bacupari.

Descrição botânica: Planta da família Clusiaceae, árvore com 5 a 10m de altura, tronco com casca rugosa; folhas simples, pecioladas, opostas, bordos inteiros, com 6 a 15cm de comprimento; flores esbranquiçadas, pequenas, reunidas em conjunto na axila das folhas, flores masculinas e femininas em números semelhantes no mesmo conjunto; frutos com casca macia, amarelo-alaranjada, polpa suculenta e doce; sementes grandes e de cor castanha.

Onde ocorre: Espécie nativa do Brasil, de ocorrência natural em todas as regiões, especialmente na Mata Atlântica. Pode ser encontrada também em outros países tropicais da América latina.

Usos: Como alimento os frutos são consumidos in natura, na forma de sucos ou doces. As folhas possuem propriedades medicinais. Sob o ponto de vista ecológico, é uma espécie nativa importante para uso, em plantios mistos, na recuperação de áreas degradas.

Aspectos agronômicos: A planta se propaga por sementes. Não existem cultivos comerciais de bacupari, mas a espécie é frequentemente cultivada em pomares domésticos, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.


Referências

Clusiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: Link. Acesso em: 09 Dez. 2016.

LORENZI, H.; LACERDA, M.T.C.; BACHER, L.B. Frutas do Brasil Nativas e Exóticas (de consumo in natura). São Paulo: Instituto Plantarum. 2015. P. 213.

SANTOS-SOUZA, E. et al. Caracterização anatômica e testes histoquímicos em folhas submetidas a diferentes níveis de sombreamento de Garcinia gardneriana (Planchon et Triana Zappi (Clusiaceae). 60º Congresso Nacional de Botanica. 2009. Link

     Só pode dizer que verdadeiramente conhece o Brasil, quem já esteve no Pará e experimentou o jambu. O sabor não é bem característico e, ao ser mastigada, a planta deixa uma sensação de dormência na boca. O jambu é ingrediente de dois pratos típicos da culinária paraense: o pato no tucupi e o tacacá. 
         A planta também é cultivada em diversos países da América do Sul, Índia, Tailândia e em alguns países europeus. No Brasil, o jambu também é chamado de agrião-do-Pará, agrião-do-Norte, jabuaçu, erva-maluca, jaburama ou botão-de-ouro. Na Índia a espécie é chamada de Akarkara ou “planta-da-dor-de-dente”.

Jambu (Acmella oleracea). Detalhe de inflorescências.
Descrição botânica: Planta da família Asteraceae, herbácea perene, medindo entre 20 a 40 cm de altura, hábito semiereto e ramos decumbentes. As folhas são opostas, pecioladas, ovaladas, sinuosas, com bordas dentadas, nervuras bem visíveis e de coloração verde-escuro; os pecíolos das folhas podem apresentar coloração esverdeada ou arroxeada. As inflorescências são pequenos capítulos de coloração amarela. Os frutos são do tipo aquênio, com numerosas sementes.

Onde ocorre: A espécie não é nativa da flora do Brasil, mas adaptou-se muito bem às condições climáticas do País, sendo encontrada, na condição de cultivada, em boa parte dos domínios fitogeográficos dos biomas Mata Atlântica e Amazônia. Também é encontrada em regiões tropicais próximas à linha do Equador na África, Ásia e América do Sul.



Usos: O maior uso da planta no Brasil é alimentício, mas também pode ser utilizada como planta ornamental e na composição de jardins sensoriais. O consumo do jambu no Pará é bastante difundido em pratos típicos, a exemplo do pato no tucupi e do tacacá, além de ser consumido na forma de salada, sopas ou refogados. As inflorescências trituradas, por seu sabor marcante, podem ser utilizadas como condimento. Do ponto de vista nutricional, é uma planta de baixa caloria (32cal), rica em cálcio (203mg) e com bom teor de vitamina C (20mg para 100g de folhas).
          A espécie possui ainda propriedades medicinais e cosméticas. Na medicina popular são relatados os usos da planta como antibacteriana, antifúngica, antimalárica, analgésica (dor de dente), anestésica, inseticida e no tratamento de gripes, tosses, além de raiva e tuberculose.

Inflorescências comercializadas no mercado Ver-o-peso, Belém-PA.
Curiosidade: A atividade anestésica desta planta é devida, principalmente, à presença de espilantol, um alcaloide com propriedades antissépticas, encontrado em maior concentração nas inflorescências e, menos concentrado, nas folhas.


Jambu comercializado em feira livre, Belém-PA.
Aspectos agronômicos: A propagação pode ser feita por meio de sementes ou de estacas de ramos. O crescimento das plantas é rápido e a floração se inicia entre 30 e 40 dias após a germinação. A planta prefere climas quentes e úmidos, solos de textura argilo-arenosa e ricos em matéria orgânica. Solos de várzea, quando bem drenados também podem ser utilizados para o cultivo. A planta é bastante exigente em água, sendo recomendado o cultivo sob irrigação em locais e/ou épocas secas. A colheita pode ser iniciada cerca de 60 dias após o plantio.

Aspeto das plantas cultivadas durante o florescimento.
Dica: Para quem não mora ou não pode ir ao Pará mas quer experimentar o jambu, pode visitar as barraquinhas de comidas típicas em feiras-livres nas diversas regiões do País, onde é mais fácil de encontrar a iguaria. Em Brasília, é possível tomar um bom tacacá nas barraquinhas da Feira da Torre de TV e na Feira do Guará. 

Tacacá, famoso caldo da culinária paraense que leva jambu como um de seus ingredientes especiais.

Referências

Acmella in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15913>. Acesso em: 16 Set. 2016.

GILBERT, B.; FAVORETO, R. Acmella oleracea (L.) RK Jansen (Asteraceae)–Jambu. Revista Fitos Eletrônica, 5(01), 83-91, 2013.

POLTRONIERI, M.C.; POLTRONIERI, L.S.; MULLER, N.R.M. Cultivo do jambu (Spilanthes oleracea L.). Recomendações básicas. Embrapa Amazônia Oriental. 1998.
Este blog foi criado com o objetivo de informar e entreter. Apresentar uma espécie vegetal seus usos, potencialidades e curiosidades, com informações mais detalhadas, para que as pessoas conheçam e contemplem a beleza de cada espécie.O conteúdo é destinado a toda comunidade e serão muito bem vindas, todas as colaborações daqueles que estejam dispostos a dividir seu conhecimento com quem tem sede de aprender sempre.