Carambola (Averrhoa carambola L.)

by 3/12/2018 02:04:00 PM 2 comentários


Hoje vamos falar de uma fruta polêmica: a carambola. Uns adoram, outros detestam e outros tem medo. Nas minhas aulas costumo conversar com os alunos sobre as polêmicas e as notícias falsas que são veiculadas em sites na internet. A carambola frequentemente é alvo de campanhas difamatórias sem qualquer fundamento científico. Então vamos aprender um pouco mais sobre os mitos e verdades da carambola. 

Descrição botânica: Família Oxalidacea, árvore com 5-10 m de altura, folhas compostas com 10-16 cm de comprimento, com 4 a 5 pares de folíolos de coloração verde-clara na parte inferior e 3-7 cm de comprimento. As flores são do tipo cimeira, que saem das axilas das folhas formando pequenos cachos com minúsculas flores rosadas; os frutos são do tipo baga, com 5 arestas agudas, conferindo o formato característico de “estrela”, de coloração verde, passando a amarelados conforme amadurecem. Polpa suculenta e de sabor ácido, em diferentes intensidades, conforme a cultivar e a região produtora. 

Onde ocorre: A carambola é uma fruta nativa da Malásia e Indonésia. Foi trazida para o Brasil no início do século XIX, onde se adaptou muito bem, sendo cultivada em praticamente todos os estados, em pomares caseiros ou comerciais, cuja produção destina-se, principalmente, ao mercado interno para o consumo in natura. 

Usos: A carambola é uma fruta muito versátil, vai bem tanto para o consumo in natura, quando bem madurinha, quanto para a produção de sucos, refrigerantes, geleias, saladas e doces variados. As flores podem ser consumidas em saladas. As folhas são empregadas na medicina popular em algumas regiões do Brasil, sendo referenciadas também na farmacopeia indiana. O sumo das sementes é utilizado para remover manchas diversas e o suco dos frutos é administrado como febrífugo, antiescorbútico e antidisentérico. 


ATENÇÃO: A carambola é um fruto rico em ácido oxálico e pode causar sérios problemas para pacientes renais crônicos, ou seja, não deve ser consumida por pessoas que tenham algum tipo de problema nos rins. Diversos estudos científicos recomendam que pacientes com insuficiência renal crônica não devem consumir carambola, bem como, chás ou remédios caseiros oriundos desta planta. 


Aspectos agronômicos: A produção de mudas pode ser feita por sementes ou enxertia. Para melhor e mais rápida produção de frutos, dê preferencia sempre à mudas propagadas por enxertia. Embora seja uma planta adaptável a diversas condições de clima, prefere temperaturas médias de 25°C ou cima e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Em temperaturas baixas o crescimento das plantas é reduzido, bem como, verifica-se alteração na qualidade dos frutos, especialmente, no tamanho, teor de açúcar, sabor e acidez. Prefere solos bem drenados, profundos; ricos em matéria orgânica e de textura argilo-arenosa. 

RECOMENDAÇÃO: Em 1996 foi detectada pela primeira vez no Brasil, no estado do Amapá, a mosca-da-carambola, uma praga que tem obrigado o Brasil a adotar severas medidas de contenção para evitar o seu avanço sobre as áreas de produção de frutas, por conta dos enormes prejuízos potenciais. Possivelmente, a praga chegou até a América do Sul pelo trânsito de pessoas e mudas contaminadas trazidas das suas regiões de origem.          
      Tudo isso para explicar ao leitor, que não se deve, em hipótese alguma, quando viajar ao exterior, trazer mudas de plantas, sementes ou quaisquer partes vegetais na bagagem. Além de ser considerado crime, de acordo com a legislação brasileira, você estará contribuindo para elevar o uso de agrotóxicos nos produtos agrícolas brasileiros. Então, lembre-se: nada de trazer aquela mudinha ou semente escondida na bagagem, é crime e uma grande irresponsabilidade com a produção de alimentos no Brasil. 




Bibliografia recomendada 

BASTOS, D.C. A cultura da carambola. Revista Brasileira de Fruticultura, 26(2), 2004. 

LORENZI, H.; LACERDA, M.T.C.; BACHER, L.B. Frutas no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora. 2015. 

NETO, M. et al. Intoxicação por carambola (Averrhoa carambola) em quatro pacientes renais crônicos pré-dialíticos e revisão da literatura. J. Bras Nefrol, 4, 228-232, 2005. 

Oxalidaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB24134>. Acesso em: 04 Mar. 2018. 

POMMER, C. et al. Carambola. Informações Técnicas. O Agronômico, 58(1/2), 2006. 

ROBERTI, A. et al. Lesão renal aguda por consumo de carambola: relato de caso e revisão da literatura. Rev Soc Bras Clin Med., 12(2),172-7, 2014. 

SILVA, R.A. et al. Mosca-da-carambola: uma ameaça à fruticultura brasileira. Embrapa Amapá. Circular Técnica 31. 2004.

2 comentários:

  1. Boa tarde! Muito legal seu blog ;) Como médica-veterinária, também informo que a carambola pode ser problemática para alguns cães! Existe um trabalho (relato de caso) com dois cães Shih Tzu onde foi possível reverter o quadro renal, mas que chegaram na clínica com vômitos e boca espumante, além de coração e respiração acelerados. Portanto, fica aí a informação que pode intoxicar também animais de companhia.
    Fonte: SANCHES, G.L.; RODRIGUES, T.A.; DREUX, E.D.S.C.; RAMOS, R.M. Intoxicação alimentar por carambola (Averrhoa carambola) em dois cães: relato de caso. Acta Biomedica Brasiliensia, 2019, v. 10, pp. 35-37.

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    1. Oi Liura! Muito bom seu comentário! Obrigada por dividir sua experiência conosco. Abs

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