Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess.)

by 9/23/2019 10:39:00 AM 0 comentários

A secura produz paisagens lindas no Cerrado! O pôr do sol é de tirar o folego, florescem os ipês, os pau-rosas, os jacarandás e as sapucaias, com suas folhas e flores roxas que se destacam em meio à paisagem cinza das cidades do Centro-Oeste do Brasil. Por vezes confundidas com “algum tipo de ipê”, as sapucaias são árvores de médio a grande porte, com potencial ornamental para uso em áreas amplas e podem ser cultivadas em várias regiões do Brasil. 

Descrição botânica: Da família Lecythidaceae, a sapucaia é uma árvore que pode medir entre 15 a 30 m de altura e o tronco pode chegar a 90 cm de diâmetro. Obviamente que nas condições de restrição hídrica do Cerrado as plantas crescem menos, porém apresentam um colorido muito mais vibrante. As folhas jovens possuem cor arroxeada, passando a verde escuro à medida que maturam. As flores, também arroxeadas, desabrocham simultaneamente ao surgimento das folhas jovens e ambas se confundem na monocromia. Os frutos são grandes cápsulas lenhosas, que podem pesar mais de 1 kg, e abrigam em seu interior de 10 a 40 sementes (castanhas). A floração e frutificação ocorrem de junho a outubro, com variação conforme o clima e a região. 

Folhas novas e flores que se confundem na monocromia
Onde ocorre: Planta nativa, de ocorrência exclusiva no Brasil, nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. É possível encontrar a espécie de forma natural em área antropizada e em florestas úmidas. Nas áreas urbanas, geralmente é encontrada na condição de cultivada. 
Detalhe de flores de sapucaia em planta com as folhas verdes

Usos: A espécie é mais conhecida pelos seus usos ornamental e madeireiro. Para fins ornamentais é preciso levar em consideração que a espécie cresce bastante e, por isso, deve ser cultivada em áreas amplas e ensolaradas, tais como praças, parques ou avenidas largas, onde não haja muita circulação de pessoas. A presença de frutos grandes e pesados, ainda que em pequeno número, inviabilizam o uso da sapucaia em estacionamentos e passeios públicos de grande circulação, bem como em áreas próximas a fontes ou piscinas, pois a espécie perde as folhas durante a estação seca. A madeira é moderadamente dura, empregada na fabricação de estacas, mourões e construções rurais em geral. Os frutos lenhosos podem ser usados como adorno e na fabricação de peças decorativas para interiores. 

Exemplo do uso da sapucaia na arborização de avenidas
As castanhas são comestíveis e muito saborosas. Cada 100g de castanha contém, aproximadamente, 55% de lipídios, 27% de proteínas, 5% de carboidratos, 3% de cinzas e 10% de umidade. O perfil lipídico é composto de 43% de ácidos graxos poli-insaturados, 42% ácidos graxos monoinsaturados e 15,2% ácidos graxos saturados. São fontes riquíssimas em fósforo, magnésio e manganês, além de fornecer energia, proteínas e outros minerais importantes para a saúde humana. As sementes são levemente aromáticas e oleaginosas e podem ser consumidas cruas, cozidas ou assadas, porém, sempre com moderação, pois cada 100g de castanha de sapucaia fornece, em média, 620 kcal. 

Aspectos agronômicos: A propagação pode ser feita por sementes ou por estaquia. As sementes devem ser colhidas e semeadas logo em seguida, pois perdem a viabilidade rapidamente. Antes do plantio em canteiros ou em saquinhos, recomenda-se escarificar com lixa as sementes, a fim de aumentar a germinação. As sementes devem ser regadas diariamente e a germinação pode levar entre 15 a 45 dias. Quando a propagação for por estacas, deve-se dar preferência às estacas herbáceas, que são menos lignificadas e enraízam com mais facilidade. Já existem estudos que demonstram a viabilidade da propagação in vitro da sapucaia, via cultivo em embriões e por microestaquia. A espécie prefere regiões com clima quente e, pelo menos, 1000 mm
anuais de chuvas. Desta forma, deixe para transplantar as mudas para o local definitivo no início da estação chuvosa, assim aumentarão as chances de pegamento das mudas. 

Frutos imaturos, porém, já bem grandes

Bibliografia recomendada 

Carvalho, I.M.M. et al. Caracterização química da castanha de sapucaia (Lecythis pisonis Cambess.) da região da zona da mata mineira. Bioscience Journal, 28(6), 2012. 

Flora do Brasil. Lecythidaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 21 Set. 2019

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