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6/20/2019 02:34:00 PM
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A araucária ou pinheiro-do-paraná é uma planta típica do sul do Brasil e que permeia as memórias afetivas da infância de muitos “guris e gurias”, especialmente pelo sabor inesquecível de sua semente: o pinhão. Sair com o pai em pleno inverno para colher pinhão era uma das minhas atividades mais esperadas durante o ano inteiro. Pinhão assado na grimpa, na chapa, cozinho em água e sal (até hoje meu modo preferido de comer pinhão), na paçoca, no ensopado, pinhão é bom de qualquer jeito. Uma espécie fantástica!!!!
Entretanto, a exploração madeireira e a destruição da Mata Atlântica e dos fragmentos da mata de araucárias, especialmente no Paraná onde havia extensas áreas preservadas, conduziram a araucária a um rápido processos de extinção, sendo considerada, atualmente, como espécie Em Perigo, de acordo com Centro Nacional de Conservação da Flora. A destruição das matas de araucárias chegou a mais de 80% de sua cobertura original só no último século, período bem inferior ao que demora apenas uma geração da espécie, que é de 120 a 160 anos. Atualmente a espécie é protegida por lei e tem seu corte e exploração madeireira proibidos. Desta forma, o uso do pinhão como alimento, além de oferecer uma opção de renda para os produtores rurais, também é uma forma eficiente de estimular a preservação e novos plantios da espécie, a fim de retirá-la da lista de ameaçadas.
Descrição botânica: Família Araucariaceae, árvores de grande porte, com folhas pequenas, alternas e dispostas de forma adensada ao longo dos ramos, com extremidade pontiaguda. A copa é aberta e arredondada, característica da espécie. São plantas dioicas (macho e fêmea em plantas separadas) e as fêmeas produzem a pinha, onde estão os frutos (pinhões). Quando maduras, as pinhas caem ou se desfazem ainda na planta, liberando os frutos que são coletados ou disseminados pelos animais. O período entre a floração e a produção dos frutos pode variar entre 20 a 24 meses e a frutificação geralmente se concentra nos meses de inverno, de março a junho, podendo se antecipar ou se entender conforme a região.
Onde ocorre: A araucária é nativa, porém, não endêmica do Brasil. Sua ocorrência natural vai desde o sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo até o Rio Grande do Sul, chegando também ao Paraguai e Argentina. Dependendo da região também recebe denominações diferentes, como pinheiro-preto, pinheiro-araucária, pinheiro-brasileiro, pinho-do-paraná e curi.
Pinhais - PR |
Usos: O uso alimentício das sementes (pinhões) é o que apresenta atualmente maior destaque. Os povos indígenas já usavam o pinhão como alimento bem antes da chegada dos colonizadores que, posteriormente, também incorporaram o pinhão à sua dieta. As sementes podem ser consumidas cozidas em água e sal, assadas ou transformadas em ingredientes de diversos pratos doces ou salgados. Após secagem, os pinhões podem ser pilados ou moídos para a fabricação de farinha para panificação. Do ponto de vista nutricional, o pinhão é rico em amido, proteína e gorduras, sendo considerado um alimento energético de alto valor nutricional. O pinhão fresco, ou seja, logo após colhido, pode ser guardado em temperatura ambiente ou em geladeira por um longo tempo. Se bem acondicionado, pode ser consumido durante o ano todo sem perder o sabor e suas propriedades nutricionais.
Pinha com seus pinhões. Fonte: Marcio Verdi, Flora Digital.
Mais informações e fotos belíssimas como essa, você encontra no site da Flora Digital do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Link
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Uso paisagistico da araucária |
Aspectos agronômicos: A propagação da araucária é feita pelas sementes (pinhões), que devem ser enterradas a uma profundidade de 5 a 6 cm, em solo leve e bem drenado. Também é possível efetuar uma pré-germinação das sementes em areia, por 5 semanas, e depois transplantar as mudas para embalagens individuais, até completarem o desenvolvimento. A germinação pode levar de 20 a 110 dias e o transplantio para o local definitivo deve ocorrer quando as mudas atingirem pelo menos 20cm de altura. Nos primeiros meses as mudas devem ser protegidas para evitar que sejam quebradas.
Jardim Botânico de Curitiba - PR |
Curiosidades: A araucária apresenta polinização deficiente, não raro se observa pinhas com mais da metade dos frutos “chochos”, ou seja, só desenvolvem o envoltório externo e por dentro estão vazios. Na serra de Santa Catarina essas estruturas são usadas na produção de um artesanato típico local. A colheita do pinhão não é exatamente uma tarefa fácil, pois, em geral, as árvores são altas e é preciso derrubar as pinhas com auxílio de uma vara de madeira ou pela coragem de um exímio escalador que se habilite chegar até o alto das copas. Uma das formas de selecionar as melhores pinhas é escolher aquelas que se desfazem ao cair, o que indica que os pinhões estão no ponto certo para serem consumidos.
A gralha-azul é um dos símbolos do estado do Paraná, associada à proteção dos pinhais. Diz a lenda que a gralha-azul dormia tranquilamente sobre os galhos de um pinheiro, quando ouviu golpes de machado e voou rapidamente até o céu para não ver a destruição de sua casa. Chegando lá, Deus a desafiou a voltar e plantar mais pinheiros, desta forma, seria abençoada com um manto azul e se tornaria a protetora dessas árvores. Verdade ou não, a gralha-azul é um dos principais “plantadores de araucária” até os dias de hoje, pois tem o hábito de enterrar os frutos que, com o tempo, brotam e formam novas árvores.
Linda foto da gralha-azul de autoria de Lucas Menegon, no Faceaves. Link |
Bibliografia recomendada
Iganci, J.R.V.; Dorneles, M.P. Araucariaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 18 Jun. 2019
Espécies Nativas da Flora Nativa de Valor Econômico Atual e Potencial - Plantas para o Futuro - Região Sul. 2011. Link
Acho as araucárias lindas demais. E amo os pinhões cozidos.
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