Cará-do-ar (Dioscorea bulbifera L.)

by 6/17/2019 10:05:00 AM 0 comentários

O cará-do-ar é um parente próximo do cará comercial (Dioscorea alata L.), apresentando sabor e usos semelhantes. Por ser ainda pouco conhecido e usado na culinária, é considerado uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional). Encontrado com mais facilidade nas bancas de verduras das feiras livres e, raramente, em gondolas de supermercados. A espécie também é conhecida pelos nomes populares de cará-de-árvore, cará-fígado ou cará-moela. 

Descrição botânica: Da família Dioscoreaceae, é planta de hábito trepador, com folhas verdes escuras, um pouco enrugadas e em formato de coração. O caule enreda-se em troncos de árvores ou outros suportes em sentido horário. Uma das características que permite o fácil reconhecimento da espécie é a produção de tubérculos aéreos, de tamanhos variados, casca fina, de coloração acinzentada e pontuações elevadas que podem conferir textura lisa ou rugosa. 


Onde ocorre: Planta não nativa, considerada naturalizada no Brasil. De origem asiática e africana, é abundante nas regiões tropicais do mundo. Embora de fácil propagação e manutenção, aqui seu cultivo ainda é restrito a quintais e hortas domésticas. Prefere regiões de clima quente e úmido. 


Usos: Após serem cozidos no vapor ou em água, podem entrar na composição de uma vasta lista de pratos culinários: purês, patês, refogados, sopas, caldos, cremes, tortas e muito mais. Também podem ser consumidos assados ou fritos. Os frutos são ricos em amido e glúten e, após secagem, podem ser transformados em farinha para panificação ou usados como fonte de amido para a indústria de fármacos e cosméticos. Frutos, folhas e flores possuem propriedades medicinais. 

Com relação aos aspectos nutricionais, os tubérculos são ricos em magnésio (3,96 ppm) e apresentam baixo teor de lipídios (0,09%). Apresentam cerca de 11,3% de carboidratos, o que permite a sua utilização na panificação em substituição total ou parcial à farinha de trigo. 


Aspectos agronômicos: A espécie ainda não é cultivada em escala comercial. A propagação pode ser feita pela divisão dos tubérculos, que devem ser deixados à sombra para brotarem. O plantio é feito em solo leve, bem drenado e rico em matéria orgânica, em covas ou berços, a 20-30cm de profundidade, espaçamento 1x0,5m e com sistema de tutoramento que permita um bom crescimento da planta e formação dos tubérculos aéreos. Na ausência de seca, a produção ocorre quase o ano todo e a colheita se dá, aproximadamente, 6 meses após o plantio. 

Curiosidade: Estudos apontam que Dioscorea bulbifera é originária tanto da Ásia quanto da África, onde ainda pode ser encontrada em estado natural. As plantas de origem asiática produzem tubérculos menores e tóxicos ao consumo. Entretanto, observou-se que as plantas cultivadas no Brasil apresentam pouca ou nenhuma toxidez, com baixa quantidade de toxinas na casca, sendo facilmente removidas após a lavagem dos tubérculos. 


Bibliografia recomendada 

Castro, C.M.; Devide, A.C.P. Cultivo e Propriedades de Plantas Alimentícias não Convencionais – PANC. Link
Dioscoreaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 17 Jun. 2019. 
MÜLLER, M.S. Cará-moela (Dioscorea bulbifera L.) : composição centesimal e mineral, extração e quantificação de polissacarídeos e cinética de secagem. 2017.

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