Ninfeias (Nymphaea spp.)

by 2/14/2021 05:14:00 PM 0 comentários


As ninfeias são plantas muito fotogênicas e deixam qualquer espelho d’água muito mais elegante e vistoso. Aqui em Brasília, nos lagos e espelhos d’água é muito comum a presença dessas plantas no paisagismo. Os lagos são essenciais em regiões com estação seca, como o Centro-Oeste, porque, além de beleza, propiciam conforto térmico e elevam a umidade do ar nos meses mais secos. Alguns dos lagos e espelhos d’agua mais bonitos estão nos jardins do Palácio do Itamaraty, Jardim Botânico de Brasília, na Praça dos Cristais e na Universidade de Brasília, onde costumo passar horas admirando os projetos de Burle Marx e, claro, as flores das ninfeias.
Existem ao menos três espécies mais usadas em paisagismo de lagos e espelhos d’água no Brasil: a Nymphaea alba, conhecida pelo nome popular de ninfeia-branca; a N. caerulea, conhecida como ninfeia-azul ou lírio-d’água; e a N. rubra, chamada popularmente de ninfeia-vermelha ou nenúfar.


Descrição botânica: Da família Nymphaeaceae, plantas herbáceas, aquáticas, emersas, enraizadas no lodo do fundo de lagos e locais pantanosos. As folhas podem ser flutuantes ou semiflutuantes, a depender da espécie, de formato orbicular (arredondado), com bordas lisas ou dentadas, sustentadas por longos pecíolos que as ligam com a superfície; durante os meses de temperaturas amenas ou em locais com inverno mais acentuado, as folhas caem, rebrotando dos rizomas quando se inicia a primavera. As flores são de tamanho médio a grande, solitárias, com muitos estames no centro. A floração é mais intensa nos meses mais quentes do ano.


Onde ocorrem: Embora o gênero Nymphaea seja considerado nativo do Brasil, distribuído por todo o país e com 21 espécies nativas descritas, as três usadas no paisagismo e aqui citadas são exóticas, e tem origens diversas. As ninfeias branca e azul são oriundas da África do Sul, enquanto a ninfeia-vermelha tem origem na Índia. N. alba é a que possui maior distribuição natural, ocorrendo também na Europa e Ásia. Fica aqui minha dica ao pessoal da pesquisa: que tal pesquisarmos mais sobre as ninfeias nativas para poder aproveitar essa beleza autenticamente brasileira?


Usos: No Brasil, as ninfeias são usadas exclusivamente no paisagismo de espelhos d’água, lagos e piscinas naturais. A folhagem é muito ornamental e está presente quase o ano todo. As flores são um espetáculo à parte. Em alguns países onde as plantas são nativas, podem ser usadas na biorremediação e na recuperação de cursos d’água contaminados por metais pesados, devido à sua boa capacidade de absorção dessas substâncias. N. caerulea tem sido estudada pela presença de antioxidantes em suas flores azuis, o que lhe confere potencial medicinal. Estudos em laboratório demonstraram que N. alba apresentou atividade ansiolítica, antitumoral e antifúngica, com potencial futuro para o desenvolvimento de fitofármacos.


Aspectos agronômicos: A propagação pode ser feita pela divisão de rizomas ou pelas sementes que germinam de forma espontânea dentro da água. Em espelhos d’água seu cultivo deve ser feito em pequenos tanques submersos, com 50 ou 70 cm de profundidade, para que as raízes possam se fixar no solo e onde os rizomas permaneçam dormentes nos meses mais frios. O cultivo deve ser feito em pleno sol. Periodicamente devem ser efetuadas limpezas de manutenção nos tanques, eliminando-se o excesso de plantas que podem tomar todo o espaço livre e comprometer a sobrevivência de outras plantas ou, até mesmo, dos peixes. As limpezas ajudam a manter o ambiente limpo, saudável e as plantas bonitas por muitos anos.


Cuidados: Ao implementar um projeto de paisagismo usando ninfeias não nativas, é importante tomar alguns cuidados para que as plantas não se desloquem para dentro dos rios e lagos naturais. Elas devem ser mantidas sob contenção, pois possuem alta capacidade reprodutiva e podem se tornar invasoras potenciais, comprometendo a flora e fauna nativas de áreas adjacentes. Sempre que possível, em projetos de paisagismo que envolvam lagos artificiais, piscinas naturais ou espelhos d’água, deve-se dar preferência ao uso de espécies nativas, a fim de valorizar a nossa rica biodiversidade e minimizar riscos biológicos. O equivalente nacional seria, além das próprias ninfeias nativas menos conhecidas, a vitória-régia (Victoria amazonica), que vamos falar em outra matéria.

Bibliografia recomendada

Cudalbeanu, M. et al. Antifungal, antitumoral and antioxidant potential of the danube delta Nymphaea alba extracts. Antibiotics, 9(1), 7, 2020.

Heslop-Harrison, Y. Nymphaea L. Journal of Ecology, 43(2), 719-734, 1955.

Lorenzi, H.; Souza, H.M. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Ed. Plantarum. 2008.

Pellegrini, M.O.O. Nymphaeaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. 2021. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10936

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