Copaíba (Copaifera spp.)

by 10/16/2021 10:08:00 AM 0 comentários
Copaifera langsdorffii

Difícil encontrar quem não tenha usado ou ouvido falar de um dos remédios mais antigos do Brasil: o óleo de copaíba. Este óleo-resina (denominação correta), faz parte da medicina indígena há séculos, usado na cicatrização umbilical dos recém-nascidos e para curar os guerreiros feridos. Hoje o produto alcançou o mercado de fitoterápicos e pode ser facilmente encontrado em farmácias e ervanários, na forma de cápsulas, pomadas ou o óleo puro.

Existem muitas espécies de copaíbas, especialmente na Amazônia, de onde vem a maior parte do produto que abastece o mercado nacional e internacional. As copaíbas amazônicas (Copaifera multijuga, C. reticulata, C. guianensis, entre outras) se diferenciam da copaíba do Cerrado (Copaifera langsdorffii), entre outras coisas, pela coloração do óleo: a espécies amazônicas produzem óleo de cor amarelada, já a copaíba do Cerrado produz óleo de cor avermelhada, por esta razão também chamada de copaíba-vermelha. O óleo da copaiba do cerrado é mais raro e, por isso, mais dificil de ser encontrado no mercado.

Venda de óleo de copaibas amazônicas no mercado Ver-o-peso, Bélem/PA

Descrição botânica: Da família Fabaceae, as copaibeiras são árvores de médio a grande porte, com copa ampla. As folhas são compostas, com 2 a 12 pares de folíolos, de coloração verde brilhante. As flores são minúsculas, reunidas em inflorescências de até 30 cm no final dos ramos. Os frutos são do tipo cápsula, carnosos quando imaturos e secos quando em ponto de dispersão das sementes. Contém 1 ou, mais raramente, 2 por cápsula. As sementes são bem caraterísticas deste grupo de plantas: de cor preta e parcialmente envoltas por uma membrana (arilo) carnosa, de coloração laranja, amarela, branca, vermelha ou púrpura, a depender da espécie.

Folhas e flores de C. langsdorffii

Onde ocorrem: O gênero Copaifera é nativo do Brasil, onde são descritas 27 espécies de ocorrência distribuída em todo o território nacional e, muitas delas, ocorrem também na região amazônica de países circunvizinhos. C. langsdorffii é mais comum no Cerrado, mas também pode ser vista na Mata Atlântica, Amazônia e Caatinga.

Usos: Medicinal, arborização urbana, madeireira e na recuperação de áreas degradadas são alguns dos usos mais comuns. O óleo de copaíba é um dos remédios mais antigos da farmacopeia popular do Brasil, empregado na cura de diversos males: anti-inflamatório, cicatrizante, carminativo, laxativo, diurético, estimulante, tônico e emoliente, cosmético e no tratamento de sinusites, gripes, resfriados, dores no corpo, quebraduras, picadas de insetos, disenterias, incontinência urinária, psoríase, caspa, afecções dos pulmões, da pele e doenças sexualmente transmissíveis (...). Também é possível extrair óleo essencial das folhas e do óleo-resina, produto muito procurado para aromaterapia. Embora mais difícil de ser encontrado no mercado, o óleo-resina da copaíba do cerrado é avermelhado e mais viscoso, com potencial para uso na indústria de tintas e corantes. As cascas do tronco também fornecem corante amarelado para tecidos. O óleo de copaíba pode ser usado como fixador de perfumes e como ingrediente de produtos de higiene como sabonetes, espumas de banho, xampus, condicionadores, hidratantes corporais e capilares.

Frutos imaturos de C. langsdorffii

Aspectos agronômicos: A produção de mudas é feita por sementes, da mesma forma que outras árvores, em saquinhos ou recipientes próprios para esta finalidade. Se as sementes forem recém colhidas, germinam entre 20 e 50 dias e estarão prontas para o plantio definitivo entre 9 a 10 meses. O solo deve ser leve, bem drenado e rico em matéria orgânica. O plantio deve ser feito longe de construções, calçadas ou muros, pois as árvores, embora cresçam lentamente, podem ultrapassar 10 m de altura, o que dificulta podas e tratos culturais. Recomenda-se que o cultivo seja feito em áreas abertas, a exemplo de parques urbanos e jardins tropicais amplos. As plantas perdem muitas folhas, especialmente a copaíba-do-cerrado, e não devem ser cultivadas próximas de piscinas ou lagos ornamentais, pois pode causar entupimento dos sistemas de filtragem.

Semente de C. langsdorffii

Curiosidades: O óleo de copaíba é extraído por meio de um furo no tronco, que vai até o cerne da planta onde estão os vasos que contém o óleo. Um pequeno cano é introduzido no local para facilitar o escoamento e coleta do óleo-resina. Já existem regras e manuais que orientam sobre a exploração sustentável do produto, frequência e modo correto de fazer a coleta. Por exemplo, coletas muito frequentes ou exposição do ferimento do tronco podem matar a planta em pouco tempo.

Atenção: Ao adquirir o óleo de copaíba, certifique-se de comprar de fornecedores idôneos, pois existe muita adulteração nos produtos vendidos no comércio informal. Vários estudos indicam adulteração do produto e/ou adição de óleo de soja para aumentar o volume e assim baratear o preço.

Óleo de copaíba e outros óleos vendidos no mercado Ver-o-peso, Bélem/PA

Bibliografia recomendada

Camillo, J. Copaifera langsdorffii (Copaíba). In: Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Centro-Oeste. 2018. https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/fauna-e-flora/manejo-e-uso-sustentavel 

Costa, J.A.S. Copaifera in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22895

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