Babosa [Aloe vera (L.) Burm.f.]

by 1/12/2022 02:25:00 PM 0 comentários

O gênero Aloe é composto por cerca de 420 espécies identificadas até agora e, destas, 23 ocorrem no Brasil na condição de plantas cultivadas. A espécie mais conhecida e usada em todo mundo é o Aloe vera, anteriormente denominada Aloe barbadensis Mill. Muitas pessoas ainda têm dúvida sobre qual é a “babosa verdadeira”, dentre as várias espécies cultivadas no Brasil. Aloe vera é relativamente fácil de ser identificada: as plantas têm as folhas mais gordinhas e macias que as outras espécies e possuem inflorescência de cor amarelo claro. Entretanto, não tendo flores para facilitar a identificação, faça fotos e consulte sempre um especialista antes de usar uma planta desconhecida.

O nome científico da espécie se originou da palavra árabe alloeh, usada para designar substancia amarga brilhante, e do latim vera ou verdadeiro. Os primeiros relatos do uso medicinal da babosa data de 2100 a.C, observados em fragmentos de argila escavados na região da antiga Mesopotâmia, que hoje corresponde aos países do Iraque, Síria, Turquia e Irã. Os povos antigos cultivavam a babosa quase como uma divindade protetora, pois acreditavam que pendurar folhas de babosa na porta da casa protegeria a família de todos os males.


Descrição botânica: Da família Asparagaceae, planta herbácea, suculenta, com até 1,2 m de altura. As folhas, carnosas e suculentas, são dispostas em formato de roseta, presas ao centro por um caule curto; possuem borda com espinhos curvados para cima. Ao serem partidas, as folhas liberam grande quantidade de um gel viscoso, de coloração variando entre cristalino e amarelado, e sabor amargo. As folhas medem entre 30 a 60 cm e podem pesar até 1,5 kg cada uma, quando adultas. Cada inflorescência reúne entre 100 a 200 flores tubulares pequenas, de cor amarelo-claro, dispostas de forma helicoidal ao longo do escapo floral. O fruto é uma cápsula triangular e reúne numerosas sementes de coloração preta.

Onde ocorre: Planta nativa da costa leste da África e muito adaptada aos diferentes climas em todo mundo. No Brasil, ocorre em quase todo território nacional na condição de planta cultivada. Na natureza, em regiões como as ilhas Canárias e Madeira e no Mediterrâneo, é comum encontrar as plantas crescendo em locais pedregosos de áreas semidesérticas.


Usos: A babosa é uma das plantas medicinais mais antigas do mundo. Conta a história que o povo Judeu envolvia seus mortos em tecidos embebidos com o sumo da babosa e extrato de mirra, pois se acreditava que a mistura retardava a putrefação e ajudava a disfarçar o cheio de “morte”. O que também teria sido usado para envolver o corpo de Jesus, após ser retirado da cruz. O uso cosmético foi difundido no antigo Egito, mais especificamente pela Rainha Cleópatra, que acreditava ser a babosa a planta da imortalidade, e usava o sumo nos cuidados com a pele e os cabelos.

Como planta medicinal, a babosa apresenta atividade anti-inflamatória e cicatrizante, no tratamento de psoríase e diversos tipos de dermatites (incluindo queimaduras), diabete, colesterol, doenças respiratórias, conjuntivite, herpes, como suplemento vitamínico e mineral e no tratamento de algumas formas de tumores canceroso. Na odontologia a babosa está presente na composição de géis dentais e enxaguantes bucais. Na cosmética, a planta é um sucesso, estando presente na composição de hidratantes, géis de cabelo e corpo, xampus, sabonetes, condicionadores, desodorantes e uma infinidade de outros produtos.

Para fins de uso medicinal e cosmético, a folha da babosa pode ser dividida em duas partes, resultando produtos diferentes: da parte mais externa da folha se extrai o sumo, que sai com facilidade ao menor corte e tem cor marrom, cheiro forte e sabor bem amargo; da parte interna das folhas se extrai o gel mucilaginoso, viscoso e incolor, rico em polissacarídeos, vitaminas (A, B, C, E), minerais (cálcio, potássio, magnésio, zinco), além de aminoácidos, enzimas e carboidratos e antraquinonas (substancias fenólicas responsáveis pelas defesas da planta e pelo sabor amargo das folhas). O gel é o produto da babosa mais usado como matéria prima na indústria cosmética, alimentícia e farmacêutica.


Aspectos agronômicos: Planta pouco exigente em clima e solo, porém, sensível à solos ácidos e pode necessitar correção com calcário antes do plantio. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, ocorre de forma subespontânea em meio a vegetação nativa. Bastante cultivada em quintais, de onde se propagam naturalmente para outras áreas. Preferem solos arenosos e bem drenados e não necessitam muita água. Mas também se adaptam muito bem em regiões de clima ameno e com chuvas regulares. Em regiões mais frias do sul e sudeste, deve ser cultivada em locais protegidos de geada e ventos frios. Sua propagação é fácil, bastando-se retirar e transplantar as brotações laterais (rebentos). Plantas espontâneas ou aquelas cultivadas nos quintais sem muitos cuidados, levam de 2 a 4 anos para crescer até o ponto em que se possa retirar folhas. Já as plantas cultivadas comercialmente, as folhas podem ser colhidas a partir de 18 a 20 meses após o plantio. Para informações mais completas sobre plantio e tratos culturais, ver Queiroga et al. (2019) na bibliografia recomendada.

Atenção: Sempre se deve atentar para o uso medicinal cuidadoso da babosa. Existe grande quantidade de informações falsas, que podem resultar em sérios danos à saúde ao se fazer uso errado ou em quantidades acima do recomendado. A ingestão do sumo e do gel in natura, pode causar irritação gástrica, diarreia, cólicas e dores musculares intensas. Por isso, sempre que desejar fazer uso de uma planta medicinal, busque ajuda de um profissional de saúde que tenha conhecimento do assunto e seja de sua inteira confiança. Este site não faz recomendação de uso medicinal.

Bibliografia recomendada

Freitas, V.S. et al. Propriedades farmacológicas da Aloe vera (L.) Burm. f. Revista brasileira de plantas medicinais, 16, 299-307, 2014.

Lorenzi, H.; Matos, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Ed Plantarum. 2008.

Nascimento, M.R.B. et al. Benefícios da utilização da babosa (Aloe vera) na fitoterapia. Research, Society and Development, 10(16), 2021.

Queiroga, V.P. et al. Aloe vera (Babosa): Tecnologias de plantio em escala comercial para o semiárido e utilização. Campina Grande: AREPB, 2019.

Silva, A.F. et al. O uso do Aloe vera como coadjuvante no tratamento periodontal. Research, Society and Development, 10(1), 2021.

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