Cumbeba [Tacinga spp.]

by 12/14/2021 05:46:00 PM 0 comentários


Não me aventuro muito pelo mundo dos cactos porque conheço pouco. Mas essas plantas me fascinam por sua imensa capacidade de sobreviver com tão poucos recursos. Entre as centenas de cactáceas, o gênero Tacinga, nativo da Caatinga e exclusivo do Brasil, é um dos que mais gosto. Os botões florais se assemelham às labaredas de fogo e as flores são belíssimas, de cor laranja intenso. Compõe muito bem com outras cactáceas em jardins xerofíticos, aqueles onde se usam pedras, cactos e outras plantas de clima seco para compor a paisagem. Os cactos guardam certo mistério e, para alguns, são até meio sem graça, mas quando florescem não há quem não se renda à beleza de suas flores.

Cumbeba é um dos nomes comuns pelos quais são conhecidas as espécies do gênero Tacinga. Mas as denominações variam muito conforme a região: quipá, gogóia, pelô e palmatória são outros nomes populares regionais para esses cactos.


Descrição botânica: Da família Cactaceae, plantas arbustivas ou subarbustivas, suculentas, com 0,2 a 5 m de altura. Os caules são compostos por partes menores, arredondadas, denominadas cladódios, achatados, com ou sem espinhos, a depender da espécie. As flores são solitárias, alaranjadas ou quase avermelhadas, surgem nas margens dos cladódios terminais de onde também surgem os frutos, globosos ou alongados, de coloração esverdeada a alaranjada, alguns cobertos por tufos com pequenos espinhos, quase imperceptíveis. A polpa dos frutos é levemente adocicada, translúcida e contém muitas sementes.

Onde ocorre: O gênero Tacinga é nativo e só ocorre no Brasil. São oito espécies quase que exclusivas da Caatinga, encontradas em locais muitos secos (vegetação xérica) e, geralmente, crescendo sobre rochas. É um dos gêneros de cactáceas mais comuns na Caatinga, ocorrendo naturalmente desde o nível do mar até altitudes superiores a 1500 metros.


Usos: Os frutos maduros são comestíveis, da mesma forma que o figo-da-índia, um dos frutos cactáceos mais consumidos no mundo. O consumo da polpa deve ser feito com cuidado, após a remoção completa da parte externa (casca), que contém minúsculos espinhos que podem causar irritação na pele e mucosa bucal. Os frutos de Tacinga inamoena, uma das espécies mais conhecidas na Caatinga, possui elevado teor de carotenoides e vitamina C, além de apresentar ação antioxidante.
Como planta ornamental, pode ser cultivada em jardins com outros cactos, no que se denomina xeropaisagismo, tendência crescente entre paisagistas e adeptos de cactáceas e suculentas. São jardins econômicos, com baixa manutenção e pouquíssimo consumo de água. As espécies de menor porte podem ser cultivadas em vasos ou floreiras, desde que expostos ao sol.
Como planta alimentícia o uso ainda é pouco difundido, pois os frutos são pequenos e contém pouca quantidade de polpa comestível, diferente de outras espécies de cactáceas já melhoradas geneticamente e amplamente usadas como fruta de mesa, caso da pitaya. Segue aí, mais uma dica aos colegas da pesquisa: olhem com mais carinho para as nossas frutas nativas!

Aspectos agronômicos: A produção de mudas se dá pela queda natural dos cladódios (pedaços do caule) que em contato com o solo enraízam e formam novas plantas. O mesmo processo pode ser feito de forma artificial, cortando-se os cladódios e colocando em vasos com terra ou no chão para produzir novas mudas. Os frutos também possuem a capacidade de gerar brotos, da mesma forma que os cladódios. Já a germinação é mais difícil em condições naturais. As regas devem ser bem espaçadas e em pouca quantidade, a fim de evitar que o excesso de umidade apodreça o caule. O cultivo é feito sempre em pleno sol, em solo arenoso e bastante permeável. Crescem bem também em regiões de Cerrado, onde a temperatura é amena e a estação chuvosa bem definida. Nestas condições, se observou florada no meio da estação seca.


Bibliografia recomendada

Meiado, M.V. Propagação sexual e assexual estruturando populações de Tacinga palmadora (Britton & Rose) NP Taylor & Stuppy, um cacto endêmico da Caatinga. Revista De Biologia Neotropical, 9(2), 6-13, 2012.

Souza, A.C.M.D. et al. Características físicas, químicas e organolépticas de quipá (Tacinga inamoena, Cactaceae). Revista Brasileira de Fruticultura, 29, 292-295, 2007

Zappi, D.; Taylor, N.P. 2020. Cactaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB1750>

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