Jurubeba (Solanum scuticum M. Nee.)

by 3/04/2018 04:17:00 PM 0 comentários

E se o assunto é coisa amarga, então vamos falar de jurubeba. Como diria um amigo mineiro: “pensa numa coisa amarga... agora multiplica”. Essa é a jurubeba. Parente próxima do jiló e ambos são da família botânica Solanaceae, possuindo em comum o amargor típico destas hortaliças. 

A jurubeba apresenta um sabor exótico e que combina com diversos pratos e até com bebidas, basta saber preparar. Eu amo jurubeba, mas muitas pessoas, devido a fatores biológicos, não toleram sabor amargo, o que explica, em parte, a repulsa por essas plantas. Então, para quem está começando a provar novos sabores regionais, a dica é: sempre prove estes ingredientes com alguém que saiba preparar da forma correta e assim evitar más experiências gastronômicas e até intoxicações alimentares pela ingestão de uma planta tóxica ou mal preparada. 


Descrição botânica: Família Solanaceae, plantas perenes, de porte arbustivo, ramos pilosos e com acúleos (espinhos); folhas simples, pecioladas, até 15 cm de comprimento, ovaladas ou lanceoladas, com a margem lobada ou inteira; flores esbranquiçadas, agrupadas em panículas no final dos ramos, de cor branca ou levemente arroxeada; os frutos são do tipo bagas, globosos, com cerca de 1,0-1,5 cm de diâmetro e de sabor amargo. 

Onde ocorre: Planta nativa do Brasil e típica da região central do País, especialmente, nas áreas de Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, com ocorrência desde o Acre até a Bahia e de Goiás até Santa Catarina. Mas pode ser cultivada em diversas regiões do Brasil, além de existirem outras espécies de jurubeba com frutos e usos muito parecidos nos demais Estados. 


Usos: Os frutos da jurubeba são muito apreciados na culinária goiana, mato-grossense e mineira, sendo consumidos na forma de conserva ou na composição de pratos salgados, como omeletes, arroz e carne vermelha. Também podem ser usados para condimentar bebidas. Na medicina tradicional, a jurubeba também é usada como digestivo e na preparação de tinturas e extratos pela indústria farmacêutica. As flores são utilizadas no tratamento de resfriados, problemas renais e diabetes; o extrato das raízes é utilizado na produção de fitoterápicos. Os ramos com frutos são vendidos em lojas especializadas e podem ser usados como elemento de decoração na confecção de arranjos ornamentais.


Dica importante: Para o uso culinário, os frutos devem ser lavados em água corrente e fervidos em água e sal por duas, três vezes ou mais, trocando-se a água após um minuto de fervura. Assim você pode melhorar o sabor e a textura dos frutos, bem como eliminar o excesso de amargor. Depois é só usar ou fazer uma conserva com vinagre, alho e sal, como a minha receita da foto abaixo.


Aspectos agronômicos: Planta de fácil cultivo, sendo muito comum o aproveitamento de frutos de plantas espontâneas. A propagação é feita por sementes. O plantio é efetuado sempre no início do período chuvoso, em espaçamento 1,5 x 1,0 m e com adição de matéria orgânica e 300g de adubo orgânico nas covas de plantio. Embora as plantas tenham boa adaptação a diversos ambientes, a produção de frutos é maior em solos bem drenados e ricos em matéria orgânica. 

Ramos com frutos para uso em arranjos ornamentais.

Bibliografia recomendada 

Solanum in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <Link>. Acesso em: 04 Mar. 2018. 

FUKUSHI, Y.K.M. et al. Jurubeba (Solanum scuticum). In: VIEIRA, R.F.; CAMILLO, J.; CORADIN, L. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Brasília, DF: MMA, 2016. (Link)

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